Libertação do Maniqueísmo
Meu parecer torna-se muito objetivo diante de um assunto extenso em polêmicas que envolvem aspectos de extrema relevância. Admiro Nietzsche quando diz que "a ética cristã ordena uma moral atrasada" , assim como a judaica, a muçulmana e outras que escravizam a sociedade.
Negar a existência de um deus é um desafio constante diante de tamanhos condicionamentos.
Estamos no século XXI e, ainda assim, diante de tantos avanços nas pesquisas, sinto-me cerceada a comentar o que penso sobre uma força que me impele contra toda a correnteza de crenças que regem o Universo. Não quero aqui ir de encontro a ninguém, mas sim, expor o que sinto àqueles que poderão entender o que realmente tento colocar. Assisti o documentário que um amigo me enviou (O diálogo entre a fé cristã e a ciência no Brasil). Perguntou-me o que achava disso . Pude retirar alguns bons trechos que me marcaram bastante . Como por exemplo o que cita o teólogo Guilherme de Carvalho que relata sobre “a importância do cristianismo na Idade Média e o Iluminismo cujas épocas contribuíram para o desenvolvimento da humanidade”. Porém , não citou que foi uma Era de muitas mortes, injustiças e perseguições religiosas, dos quais ainda impõem até hoje.
Há um trecho no livro Homo Deus (Yuval Noah Harari -página 205) em que o autor cita que a crença e a fé partem de uma opção pessoal , portanto são aspectos subjetivos , transcendentais e metafísicos . Enquanto que a ciência é a comprovação objetiva e contínua das descobertas de fenômenos físicos. Não há como comparar. São objetos opostos entre si. Portanto, nada impede que eu possa crer em minhas próprias forças. Mas é daí que cresce o embate.
A sociedade necessita da crença religiosa para delimitar as obrigações morais, frear o instinto humano do mal que habita na psiquê humana. Definido por Nietzsche como “a besta que habita em todos nós”.
Torna-se um alento “crer “ nos mistérios inatingíveis ao trazer para o plano da razão as perdas e ganhos na vida. Facilita o Ego na sua conformidade para existir e ter esperanças .
Minha educação foi toda pautada nos princípios da religião cristã o que foi de grande valia para a formação moral de minha família . Mas, talvez por isso, eu me sinta tão segura em afirmar que não necessito de um deus ou de lançar mão de crenças para reger os meus caminhos. Sinto-me livre das amarras que limitam a minha consciência com a chibata da culpa e do medo. Não penso que eu necessite do aval da sociedade para me apresentar como um ser melhor e bondoso porque creio num deus criado pela própria humanidade. Não sou contra a religião como regra para a sociedade, sou contra o cerceamento dessa crença como evolução do pensamento humano limitado por doutrinas que levam os povos a guerrear, matar e outros males que contrastam com o que pregam . Existe uma culpa e um ódio contínuos dentro dessas crenças que tiram a paz de quem a elas pertence .
Enfim, sou feliz , penso no bem e procuro continuar com minhas doutrinas humanísticas de que podemos tornar as pessoas melhores .
Ciência = Objetivo
Crença e Religião = Subjetivo
Eliane Thompson-Kronig