Por do sol

Novos tempos? Cenário novo mas não esqueceste a rota. Falta uma "braça e meia", para o manto escuro encobrir as campinas verdejantes, encostado no velho tronco da figueira já sem vida busco memorizar, relembrar a minha infância. Vejo papai com a camisa ensopada de suor, chapéu de palha de aba larga, encostando sua enxada duas caras num dos pés de café, pega o saco de estopa surrado, recolhe a moringa da água já vazia, o fiel amigo abanado o rabo sai correndo como se soubesse tudo que estava acontecendo.

Nessas miragens os meus olhos perdem foco, ao ver dobrar a quadra do cafezal, por um momento tive esperança que olharia para trás, mas sumiu, percebi que não era real, o sol se foi, no céu as estrelas começaram a brilhar, passo mão no rosto, e enxugo as lágrimas, até outra oportunidade se Deus me permitir sonhar.

Não caro leitor(a), tenho que ser sincero, hoje estou aqui na cidade, sentado nesse pequeno quintal de minha casa, tudo cimentado, olho no horizonte e vejo o sol, dá uma dor no peito só de pensar, que este cenário fictício já foi real.

Jova
Enviado por Jova em 04/12/2019
Reeditado em 04/12/2019
Código do texto: T6810751
Classificação de conteúdo: seguro