Recuso-me a ser bola de esperança num mundo cheio de alfinetes elevados à espera de um deslize e vapt! Estouro certo. E sobre o chão de giz, tão bem entoado por Zé Ramalho, os devaneios traduzidos como restos do balão, ora me torturam, ora dançam um samba de viola, à favor do vento, enquanto espero o embarque do voo que de 175 não tem nada (graças a Deus). Do lado esquerdo um iPhone 7 ou 8 insiste em dividir com a galera do fundão, um vídeo privado, no volume máximo, só pra alcançar a maioria, num evidente espetáculo em monólogo, cujo assunto da pseudo-comédia é a postura do STF frente às leis (como se as leis fossem criadas por eles e não interpretaras): cada membro com cadeira recebeu um apelido carinhoso, de cavalo à jumento, passando por garça e veado. Uma pausa prum moço de blusa vermelha que mostrava um papel amarelado com o qual pedia ajuda pra pagar os remédios e, suplicava uma interferência direta no governo para sua casa própria. O homem, de pasta preta com emblema do Legislativo interrompeu sua risada e disse com muito carinho: Sinto muito não poder ajudar, DEUS DARÁ o que você precisa. E se voltando para o iPhone continuou sua trajetória “Youtubetiana”. Por dentro, lá estava, querendo dizer a ele que imputar à Deus o papel de salvador da pátria e retirar do Estado a sua responsabilidade deveria ser crime. Mas apenas sorri, afinal “Deus não fica off-line”.