TEMPOS BLACK FRIDAY
Ysolda Cabral
Macaca velha de sacar enganações, não me entusiasmei com as chamadas desse movimento americanizado - Black Friday. Não me habilitei a sair de casa nem me habilito, ao contrário de muita gente que anda vibrando e contando vantagens das compras que andam fazendo, com parte do parco dinheirinho do FGTS, liberado pela bondade do atual governo Bolsonaro.
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O que mais me surpreendeu é esse movimento ter quase pego um amigo que, faz parte de uma classe social diferenciada – aquela que tem um excelente salário, mas que trabalha de verdade. - Pois não é que ele estava com a família num supermercado, frequentado pela elite pernambucana, quando, de repente, foi anunciado por um locutor vigaristão competente contratado que, alguns cupons havia sido espalhados por onde ele se encontrava na loja, e que quem encontrasse algum, teria desconto de cinquenta a noventa por cento, em qualquer compra. - Quem em sã consciência não iria querer um cupom desses?
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Esqueceu mulher, o filho e partiu pra caçada! Afinal, se encontrasse o cupom certo, levaria para casa uma TV de três mil reais por trezentos, e os danoninhos que ali fora comprar.
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Após instantes de verdadeira corrida alucinada pela loja, e de encontrar um cupom e disputá-lo, ombro a ombro, com outro caçador, digo cliente, - só não foi às vias de fato, graças a um dos gerentes que, vendo a situação caótica e perigosa criada, resolveu desdobrar o cupom achado e assim cada um ficou com o seu.
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Acalmados os ânimos, já quase amigos, se dirigiram à uma das filas e logo descobriram a enganação: os cupons lhes dariam direito de comprarem a respectiva TV, por dois mil e setecentos reais em suaves prestações mensais de não sei quanto. - Não sei, porquê ele também não soube dizer.
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Tendo a raiva lhe cegado, rasgou o cupom e foi a procura da mulher e do filho abandonados na loja, para nunca mais voltar ali. – "Loja mais mentirosa! "
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Ele continua indignado e o filho sem os danoninhos, eu acho. - Não era doida de perguntar!
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Apenas Ysolda
* Imagem ilustração Google