Mediunidade e Psiquismo: consciência e outras considerações utilizando-se de C. G. Jung.

Mediunidade está na ideia de meio. Como num mergulho que fico com olhos e nariz fora do mar. Melhorando ainda: é estar na metade, do ponto de vista semântico. Mediunidade ou intuição kardecista aqui seria dizer que há um ser não corporal ao seu redor (C. G. Jung chamou a isto de "sombra" - e religiões chamam obsessor, anjo ou guia). Intuir vem de ter quase certeza sem ver ou formar algo sem ter visto.

Jung chamava a sombra de uma possibilidade que a entropia de imagens inconscientes possuem de não fazerem sentido e levarem um paciente aos estados anormais de consciência (paranoia, alucinações ou mudanças de personalidade: pensar ser outra pessoa). As imagens jorram como uma fonte do inconsciente coletivo, que Jung afirma ser uma memória dos nossos ancestrais que está inscrita no nosso código genético.

A linguagem mitológica ou mística, que poderia organizar essa entropia de imagens arquetípicas, pode ser sistêmica e atribuir sentido a uma dada realidade; uma linguagem que o Iluminismo buscou "ridicularizar" - fazendo o sociólogo alemão, Max Weber, afirmar em "desencantamento do mundo" (no qual somente haveria ações racionais com relação a fins).

Porém, para Jung, o sistema organizado de mitos pode evitar um colapso psíquico, organizando, de um modo muito particular, o inconsciente coletivo.

O mito é um ponto que pode segurar essa entropia pela introversão (ou individuação). Viver o fluxo das imagens inconscientes por meio da personalidade não manifestada ao mundo externo.

Na psicologia analítica junguiana não é loucura ver vultos ou ouvir vozes - numa visão muito semelhante ao kardecismo e outras místicas sistematizadas.

Isso significa viver metade no mundo físico e outra metade no mundo das faixas de manifestação do que os olhos, os ouvidos e a pele comum não sentem.

Prever um acontecimento futuro é possível, por uma faixa de energia que se forma no cérebro de qualquer pessoa e - o que a matemática computacional dos algorítmicos, já fundamentada por B. Pascal, no século XVII - já está sendo pesquisada por cientistas da NASA, Vale do Silício na Califórnia EUA - ou seja: centros de pesquisa de ponta .

A ciência já comprovou que o mundo das bactérias, dos vírus e, num nível mais profundo, com L. Pasteur, no século XIX: e o do átomo, influenciam nossas vidas, mesmo sem os vermos aos olhos nus, desde de Demócrito até Einstein.

Este mundo microscópico tornou-se acessível a partir do avanço da ciência e seus instrumentos de captação - o que até séculos atrás não era palpável.

Recorria-se a ideia de maldições e fenômenos sobrenaturais para explicar o mundo dos micróbios antes da Idade Moderna.

É comum pessoas com esquizofrenia falarem que ouvem vozes.

Os médicos psiquiatras mais ortodoxos usam medicações para tentar coibir este "sintoma", que muitos kardecistas afirmam ser mediunidade ainda em estado bruto.

C. J. Jung mostrou, corroborado pela psiquiatra brasileira, N. da Silveira, que esquizofrênicos produzem artes plásticas de alto nível.

Terapias alternativas podem canalizar estes "sintomas" para formas de expressão artística - o que é muito difícil de acontecer.

O atual sistema escolar massificado de ensino não está nem ai para descobertas da Neurociência (infelizmente - ficando adstrita as escolas empresariais com mensalidades altas).

Autistas podem fazer contas matemáticas complexas, dificilmente explicáveis pela neurociência, objeto já sendo pesquisado.

Logo, a mediunidade é uma raiz criativa, desde que canalizada.

Mas o que se entende por mediunidade?

Mediunidade é a capacidade de apreensão de um fenômeno que os olhos não conseguem ver, mesmo pelo fato dos olhos não captarem todas as faixas de energia (a exemplo do infravermelho ou do ultravioleta).

Portanto, o espiritismo começará a dar contribuições à neurociência, juntando a explicação do fenômeno mediúnico com outros fenômenos cerebrais não comuns.

A mediunidade produz aquelas coisas que ninguém pode explicar, como a composição musical. Há compositores que afirmam ter recebido canções, enquanto outros passam meses num esforço vão.

O psiquismo é a dimensão que compreende todas as manifestações atuais e pretéritas do indivíduo.

Ele usa a Língua para se manifestar (no caso, a Língua do lugar que nós nascemos). Mas não é só a Língua (nacionais), mas as imagens e sons também entram nessa manifestação, tornando os seres humanos unidos por uma espécie de psiquismo social ou coletivo (telepatia coletiva ou inteligência coletiva).

Uma música dos Beatles em inglês tem sons que encantam pessoas no Brasil que não falam inglês. O que sinaliza para uma dimensão de união de todos os psiquismo, num psiquismo social.

As aptidões dos indivíduos são coisas reais.

Há pessoas com enorme disposição para piano ou esportes.

Os sistemas sociais de ensino muitas vezes não estão preparados para lidarem com esse fenômeno e o canalizarem para o progresso do pensamento e de várias áreas. Os Pedagogos precisam aprender mais com os Neurologistas. Especialmente os da Neurociência.

Dessa forma, ainda há muito que se engatinhar sobre a contribuição do fenômeno mediúnico em várias áreas das atuais ciências físicas, neurológicas e sociais.

Percebe-se uma corrida de muitos psiquiatras para bioquímica das medicações psicoativas. Porém, resta saber se o que se chama de doença não é a irrupção de novas formas de autoconhecimento. Será?

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 02/12/2019
Reeditado em 22/11/2022
Código do texto: T6808924
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