Brasilândia: um pedacinho brasileiro
Crônica III
(Por Erick Bernardes)
Trata-se de uma unanimidade referir ao Brasil como um país de dimensões continentais. De fato, nem há como negar esse nosso gigantismo no mapa. Desnecessário questionar. Uma nação onde caberiam outras tantas dentro.
Pensando nisso, o que dizer então do bairro criado para servir como algum tipo de miniatura do Brasil? Pois é, imaginem só, um país diminuto cujas ruas teriam cada qual o seu nome de Estado. Impossível? Claro que não. Esses mundos criados, assim, não são novidades.
Lógica similar fez surgir em São Gonçalo a nossa Brasilândia. Outrora uma fazenda de um certo senhor Paiva, sabe-se que foi seu Coimbra quem comprou e loteou. Hoje tem Rua Sergipe, Rua Ceará, Rua Minas Gerais, Rua Bahia, e assim vai. Mas, atualmente, nem todas as ruas desse Brasil encolhido possuem nomes de Estados. Diversificaram-se. Tem nome de córrego afluente, registro de gente importante, até o Presidente Norte Americano legou nome a uma rua dessas. Meu Deus, o que o tal Presidente Kennedy faz ali? Bem, a história se repete, mania de brasileiro. Deixemos isso de Tio Sam pra lá, pois foi Rodrigues Amorim que construiu a nossa Brasilândia. Um idealizador, talvez um visionário, decerto isso não configura algo tão absurdo assim. Até os problemas nacionais se parecem. Buracos, insegurança, ausência do poder público, qualquer semelhança deveria ser coincidência. Mas não, bairro miniatura com problemas enormes de gestão. Contudo, o que existe de bom em toda nossa terra há de bacana no bairro também, porém, como lembrança. Bate-papo no portão, conversa sobre novela, jogo de dama até anoitecer. Impossível não lembrar.
E por falar em lembrança, quem mora na Brasilândia traz no peito o Instituto Clélia Nanci e suas normalistas com as tradicionais saias rodadas. Formação docente, instrução de qualidade, inegável. Espaço escolar onde tantas professoras se formaram e ainda saem dali com profissão garantida. Vizinhança acolhedora que também traz recordação, nostalgia da praça e das paqueras.
Pensando bem, creio que raros alunos de antes não testemunharam histórias assim, enfim, tempos de amizades.