TRISTE NOVEMBRO!
O mês de novembro, rotulado como “azul” em alusão ao combate ao câncer de próstata, possui datas comemorativas significativas, dentre as quais se destaca o dia de finados, dia da proclamação da república e da bandeira, além do dia da consciência negra. Esta última desperta meu interesse pelo cenário de intolerância que ganha força na sociedade brasileira atual. Durante o mês, enquanto as manifestações em alusão ao dia 20 de novembro se proliferaram outras ações também ganharam notoriedade.
As comemorações referentes ao dia da Consciência Negra no Brasil foram permeadas pelos seguintes fatos: deputado do PSL quebra obra de arte em exposição sobre consciência negra; professor da UNESP Bauru é atacado com canivete no dia da consciência negra; grupo conservador tenta impedir missa para celebrar a diversidade e a tolerância. Enquanto isso, no Pará, um procurador de justiça, que também é ouvidor-geral do MP-PA, usa de seu direito a livre expressão de pensamento para utilizar de falas racistas contra comunidades tradicionais.
Isso aconteceu pouco tempo depois de uma escola particular da capital paraense passar prova com conteúdo homofóbico aos alunos inserindo perguntas sobre condenação e métodos para “evitar” a homossexualidade. Essas situações marcaram de maneia negativa a passagem do dia da consciência negra no país evidenciando o preconceito religioso, racial e de gênero que grande parte da população ainda sofre em pleno século XXI. Esse é o Brasil em que vivemos, onde sair na rua e expressar a sua negritude é um risco!
Um dos deveres da escola é promover o respeito à diferença, porém são instituições de ensino que propagam ideias equivocadas sobre a diversidade humana. Ações como essas deveriam ser exemplarmente punidas para inibir novas práticas. Mas, são os agentes que deveriam zelar pelos direitos da população que praticam tais atos. E ainda, alguns dos responsáveis pelas leis do país são os mesmos que praticam esses atos reprováveis. Isso tudo me faz questionar o papel que desempenhamos nesse contexto.
Como educar para a diversidade nas escolas, professar a crença de amor ao próximo, buscar refúgio na legislação se as instâncias responsáveis pela disseminação dessas práticas são as primeiras a se levantarem contrárias a tudo o que concebemos como essencial para vivermos em sociedade? Acho que ainda vai levar um tempo para responder a esse questionamento. Não tenho essa resposta, mas sigo o exemplo de um pensador do século passado: “somos todos humanos”!