Àgua

Somos quase água - 70% do nosso corpo. Elemento presente na natureza de tantas formas: Na lágrima derramada, na chuva que cai. Na água doce que desce da colina, na fina neblina que encobre a minha cidade ao amanhecer. Na água que escorre pelo gramado e que refresca os pés da criança. Nas águas que se ajuntam e inundam ruas e casas, na gota que umedece a semente e a faz germinar. Nas águas que formam o riacho, o rio e o mar. No gole que sacia a sede e na torrente que envolve o corpo no banho matinal. Na água benta que lava até a alma, nas gotas que deslizam pela janela e vão beijar a terra. No reflexo das gotas que pintam os céus nas tonalidades do arco-íris. Na umidade do ar. Na bolsa d’água que ao arrebentar no ventre da mãe anuncia o breve nascimento. E quando ela falta? O que sentimos ao perceber nossa caixa d’água vazia, o cantil seco; as plantas e flores murchando; a terra rachada? Ainda temos água em abundância? Até quando? Nossos avós banhavam-se nos rios, bebiam água do poço e das vertentes. Nascentes borbulhavam no fundo dos quintais. Nós não usufruímos mais dessas regalias. E os nossos filhos, netos, bisnetos? Como estará disponível, no futuro, esse líquido precioso? Deixamos correr solto o desmatamento. Não protestamos contra as agressões à natureza, não abraçamos o pinheiro que ia ser derrubado. As águas das chuvas, ao invés de abastecer os mananciais, escorrem pelo asfalto e construções, levando o lixo, entupindo esgotos, causando inundações. É tempo, ainda, de plantar uma árvore, fechar a torneira, pintar uma camiseta com uma gota d’água e usá-la no dia a dia, como uma bandeira, defendendo essa gota como se fosse a última.
Orlando Azevedo
Enviado por Orlando Azevedo em 27/11/2019
Reeditado em 27/11/2019
Código do texto: T6804923
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