ASSIM COMO NUM CLUBE, TAMBÉM NUM PAÍS

Gestão é gestão, seja qual for a complexidade da estrutura. Umas muito simples, por exemplo, o autônomo, outras bem mais complexas como um clube, e outras muito complexas como um país.

Mas, todas têm a qualidade e eficácia de sua gestão como consequência de escolhas e decisões de seus gestores e expressas pelos resultados alcançados que, por sua vez, são medidos por meio de indicadores.

Evidentemente, que não se tem como objetivo desenvolver sobre a arte e a ciência de gerir, pois nem se tem experiência e conhecimento para tal, mas ilustrar quão semelhantes é nossos clubes e nosso Brasil em suas gestões, utilizando aprendizado pelo tempo de prática no exercício de observações e reflexões.

Apesar de muito mais complexo, cabe aos Três Poderes, nos três níveis federativos, gerir, decidir e gerar os resultados. Cabe ao Conselho e as Diretorias fazer o mesmo para os clubes.

Neste ano de 2019, vimos dois clubes investirem pesadíssimo na sua área esportiva de futebol: Flamengo 180 milhões e Palmeiras 140 milhões. Vimos outros com investimentos muito menores como Atlético Paranaense, Santos e Grêmio.

Os objetivos da gestão de clubes como em qualquer instituição é garantir qualidade ao seu produto, viabilizando-os em seus aspectos econômicos, financeiros e ambientais. No caso específico e reduzido dum time de futebol é fazer campanha que seja reconhecida por sua torcida e ganhar títulos.

Se levarmos em consideração o custo benefício podemos classificar as gestões dos times em ordem decrescente de qualidade e eficácia: Flamengo (encantou sua torcida e os que apreciam futebol, campeão da Libertadores; campeão brasileiro e com imensas possibilidades de conquistar o campeonato mundial de clubes) ; Atlético Paranaense (encantou sua torcida e os que apreciam futebol; campeão da Copa Brasil; participação garantida na Libertadores de 2020); Grêmio (agradou sua torcida e os que apreciam futebol; semifinalista da Libertadores 2019; classificado para Libertadores 2020; Santos (agradou parcialmente a torcida e os que apreciam futebol, classificado para a Libertadores de 2020; e Palmeiras (desagradou grande parte da torcida e os que apreciam futebol; classificado para Libertadores 2020).

Destaque para comentário esportivo que informou que o Palmeiras precisa contratar espécie de camisa 10, o que demonstra que, após tantos jogadores contratados e essa grana toda investida, não conseguiu montar um time.

Destaques como gestão ineficaz: Fluminense (candidato fortíssimo ao rebaixamento); São Paulo (com expressivo investimento, desagradou sua torcida e corre o risco de nem chegar entre os classificados diretamente para a Libertadores 2020); e Cruzeiro ( sofre para escapar do rebaixamento, diretoria investigada por corrupção e substituída por espécie de intervenção, e surgimento de grupo com alguns jogadores “corpo mole” e “derruba técnico”).

Mudando de rumo a crítica e dirigindo-a aos nossos Três Poderes, cada um é dividido em complexa e enorme estrutura para: escolher; decidir; e gerar resultados, para a parte que lhe é outorgado poder. Os objetivos: desenvolver o Brasil como nação – desenvolvimento econômico e social; desenvolvimento de seus indivíduos e de sua qualidade de vida; e preservação do meio ambiente.

E, como ilustração, conforme indicadores relacionados a áreas dos poderes, podemos concluir que a gestão Brasil, se mui generosamente classificada, estaria na série C, ou melhor expressa por títulos comparativos com outros países, que envergonham a grande maioria dos que aqui vivem.

PODER EXECUTIVO

11, 8 milhões de analfabetos e 26 milhões de analfabetos funcionais;

13, 4 milhões de desempregados;

60 milhões de brasileiros recorrem à assistência médica privada;

35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada;

110 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços de coleta de esgotos e desses serviços somente 45% tratam os efluentes coletados

1935, ou 34,7% dos municípios brasileiros registram epidemias ou endemias relacionadas à falta de saneamento básico;

200 bilhões de reais são desviados anualmente por corrupção e o Brasil foi eleito o quarto país mais corrupto do mundo;

800 bilhões por ano são perdidos nos ralos da má gestão por incompetência, descaso, ausência de fiscalização...

Assassinatos em patamares 30 vezes maiores dos que os da Europa;

Somente seis estados brasileiros têm dados sobre índices de homicídios esclarecidos e o índice de esclarecimento dos mesmos, pelo processo investigativo é de 5%. 95% de chance de sair impune tem o criminoso

Entre maio de 2000 e agosto de 2006 as perdas em florestas foi cerca de 150.000 km², área maior do que um país como a Grécia.

A partir da criação do IQA – Índice de Qualidade da Água em 1970, estudo recente conclui que apenas 6,5% por cento das águas dos rios brasileiros podem ser classificadas como de boa qualidade.

Brasil é o maior importador de agrotóxicos e dessa importação alguns contém 14 tipos de substâncias proibidas mundialmente.

LEGISLATIVO

Apenas 13,36% dos projetos de iniciativa do Legislativo são transformados em lei, contra aproximadamente 90% nos países parlamentaristas;

Para 2019, o orçamento do Congresso prevê gastos de 10,4 bilhões. Considerado entre os cinco mais caros do mundo. 29 milhões por dia e 1,2 milhão por hora;

Número de assessores pessoais por congressista chega a 25 contra 8 na França; Número de auxiliares por senador é limitado em 54, mas descumprida por alguns senadores, chegando a 84 servidores;

Em torno de 37% dos parlamentares do Congresso (2014-2018) estavam envolvidos em processos criminais, mas protegidos pelo Foro Privilegiado e a Incapacidade do STF como Corte Criminal; e

Mantém o Foro Privilegiado.

PODER JUDICIÁRIO

Para proferir o julgamento de um processo em Primeira Instância os Tribunais de Justiças estaduais levam em média em torno de 4,5 anos, mas variando de 1,5 anos até 7 anos;

4500 processos pendentes em média por juiz, variando de 24584 nas varas de fazenda até 2.000 nas varas e juizados especiais criminais;

Como 30º Judiciário mais lento do mundo, dentre 133 países pesquisados pelo Banco Mundial gasta-se, exclusive o Ministério Público, 1,3% do PIB, quatro vezes mais do que o Judiciário alemão, oito vezes do chileno e dez vezes do argentino; e

Incapaz como corte criminal a suprema corte dá como resultado impunidade dos que têm Foro Privilegiado.

Quem promove um time e seu futebol reconhecido pela torcida e consegue títulos são seus gestores, quem desenvolve o país e suas unidades federativas - desenvolvimento econômico e social; desenvolvimento dos indivíduos e de sua qualidade de vida; e a preservação do meio ambiente - são seus Três Poderes.

Portanto: quanta responsabilidade dos que elegem os gestores de um clube e desses em suas escolhas e decisões sobre (comissão técnica, técnico, jogadores a contratar, negociações com mídia, patrocinadores...); quanta responsabilidade do eleitor brasileiro na escolha de seu prefeito, governador, presidente da república, e dos membros que comporão a as câmaras, municipais, estaduais e federais e o senado; e quanta responsabilidade dos eleitos em suas escolhas e decisões, que podem levar resultados semelhantes aos ilustrados.

Agora, aqui para nós se para exerceres qualquer função no mercado de trabalho te exigem, acertadamente, formação profissional, experiência, testes psicológicos, exames médicos, informações complementares, então para o exercício de função executiva em algum de nossos poderes, pelo menos, além da ficha limpa, experiência bem sucedida em nível igual ou imediatamente inferior na estrutura da federação.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 26/11/2019
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