Obsoleta Sem Vergonha
Quando a gente pensa que sabe quase tudo, vem alguém e planta aquela maldita sementinha da dúvida.
Na última aula de terça-feira,às 20h, a aluna faltou, mas o marido compareceu. Achei até bom porque a conheço desde seus quinze anos, hoje ela já está trintada, mas o marido conheci pessoalmente no mês de setembro desse ano. A aula vai ajudar a nos conhecermos melhor, assim espero. Quem sabe, 'be friends'.
O tema da aula: Conselhos/Advice.
O texto, em inglês, fala sobre a primeira conselheira jornalística dos EUA: 'Dear Abbey'. A colunista oferecia conselhos sobre a limpeza e conservação da casa, etiqueta, relacionamento marido e mulher, criação dos filhos, problemas legais, etc. Uma verdadeira <Sebastiana Quebra Galho>. Se a Abbey não sabia, ela corria atrás até achar. No começo, eram perguntas domésticas, mas com o tempo, ela passou a dar conselhos e dicas até sobre a compra da casa própria e a Bolsa de Valores.
Antes da leitura fizemos uma retrospectiva da popularidade da 'Dear Abbey' que espalhou por quase todos os estados do país.
O aluno deduziu que essas colunas de ajuda serviam para aconselhar o leitor do jornal sem ter que se expor e também conseguir conselho confiável e gratuito. Não havia razão para comentar a incompetência na cozinha ou no próprio matrimônio para familiares e amigos para depois passar por constrangimento ou ficar de saia justa. Comentamos sobre as antigas revistas direcionadas às adolescentes como Sétimo Céu, Capricho, Toda Teen e as demais que eram para as senhoras em busca de mais informação, ou até mesmo um doutorado: Cláudia, Pais & Filhos, etc. e até a Playboy e G Magazine que ajudavam o público masculino e gay.
O aluno disse não acreditar num futuro para as colunas de ajuda, nem para a própria existência das revistas porque o mundo de agora é quase todo digitalizado. Até a Terceira Idade está on line e vai atrás de celulares com alto performance porque é mais fácil dominar do que um lap top além de pesar quase nada.
Nas pontas dos dedos buscam respostas para dúvidas, problemas, receitas culinárias e de beleza, filmes, leitura, músicas, cybersex, amigos, seguidores e whatever mais sem sair de casa, sem se dar o trabalho de se levantar da cadeira ou da cama e rebolar atrás. Buscam 'influencers', you tubers e só Deus sabe o quê mais nessa bendita (maldita?) Internet.
O aluno me olha bem na cara e diz debochadamente: "Francamente Teacher, quem é que compra livros, Cds e DVDs hoje em dia? Diga lá um Cd player?" e dá aquela gargalhada obscena aos meus ouvidos.
Estou indignada com o comentário dele, mais ainda com aquela risada. Mesmo assim respondo, sem vergonha alguma: "EU."