O BAIANO QUE NÃO É DA BAHIA
O seu nome, simplesmente, Francisco da Silva, casado, tem como profissão, que por sinal, ele muito se orgulha, faxineiro de um grande hospital no centro de São Paulo. Francisco da Silva, mas apenas conhecido e chamado de CHICO BAIANO, só que nasceu no estado do Ceará e veio muito pequeno para a cidade do escritor Jorge Amado. Segundo o próprio, orgulha-se mais deste estado do que o que ele nasceu. Mas só que também não o menospreza. O certo é que este senhor trabalhador é uma figura ímpar, muito conversador ao extremo. Passa o dia todo fazendo a sua faxina em qualquer lugar daquele hospital. Onde tem sujeira ele está lá, com a sua vassoura e pá, limpando e recolhendo o lixo. Além de não saber ficar parado, ao mesmo tempo, não sabe ficar calado. Sempre puxa conversa com quem quer que seja. Desde médico, enfermeira ou qualquer outro funcionário, não importa também se homem ou mulher, pessoa idosa ou criança, esta, por sinal, a sua predileção. Demonstra muito carinho e amor para com qualquer criança, não importa a idade.
Nunca ouvi falar mal deste funcionário simples, humilde e exemplar. Apesar de não ter quase nenhum estudo, mal sabe escrever o seu nome, o Chico Baiano é sempre idolatrado por todos que o conhecem. Quando um dia ouviu uma pessoa falando uma asneira ao seu respeito, simplesmente a perdoou e demonstrou não guardar nenhuma mágoa sobre a crítica infundada que ouviu. Aquela pessoa o tachava de um homem muito bobo. Ao que logo ele respondeu, dizendo com simplicidade: “Só peço para a senhora tirar a palavra Muito. Pois a minha bobeira é confundida com a minha humildade. E todos nós somos um pouco bobo em algumas horas”.