Do outro lado da vida





O mundo anda meio louco, ultimamente fico observando se a roda grande já entrou na roda pequena. Essa loucura toda tem mudado comportamentos e ninguém mais se reconhece. É tanta bizarrice que já me vejo tomando café com duendes da floresta encantada.

Um amigo muito querido resolveu se afastar das redes sociais, que em sua opinião viraram lixo. O lado bom é que ele se dedicou a reler alguns clássicos da nossa literatura. Aquelas obras que a gente só ler pra passar de ano ou fazer vestibular.

Estou fazendo a mesma coisa, construindo um universo paralelo porque o mundo tá muito chato! Por falar em ignorar o mundo e viver num universo paralelo, acho que tá acontecendo comigo e com ele coisas estranhas.

Ele contou-me que desandou num choro inconsolável... Sua esposa toda preocupada (com razão), quase em choque, perguntou- lhe o que aconteceu... Ele um tanto quanto encabulado respondeu: é que a família da Ana Terra matou o Pedro Missioneiro!  A coitada não entendeu nada.

Tudo começou com a leitura de O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo. A trilogia é linda... um pano de fundo histórico impressionante sobre a formação do Rio Grande do Sul à República, passando pelas pelejas com castelhanos, maragatos x chimangos, farrapos, guerra do Paraguai, etc. Sempre uma leitura emocionante.

Se não bastasse a cena com a esposa, uma colega de trabalho lhe fez um favor e ao invés de agradecer com um “obrigado”, agradeceu com: que a morte lhe seja leve! Pronto... ela se intrigou e ainda deu queixa pro chefe dizendo que o colega desejou sua morte.

Pior foi ele ter que ouvir sermão de que não é pra ficar desejando a morte dos coleguinhas, rs. Ninguém quis saber o que de fato aconteceu. A histeria coletiva se instalou. Com certeza, a leitura pode até enlouquecer, mas será um louco lúcido!. Não dá mais pra estranhar qualquer comportamento, atualmente, pois tudo é normal numa época em que pé é mão e mão é cérebro!

Eu também não ando bem. Outro dia fui lavar os óculos e lavei o celular, rs.  Para relaxar resolvi assistir pela milésima vez “Ghost” do outro lado da vida. De repente, estava eu chorando pensando que o Patrick Swayze morreu de verdade com 44 anos de idade.

No filme, enquanto estava vivo, ele nunca tinha dito a ela (Demi Moore) que a amava, ele dizia “idem” sempre que ela dizia que o amava. Isso é o que se faz na maioria das vezes quando dizemos “também”,  essa palavra sai quase que de forma espontânea. Ele teve a chance de dizer e demonstrar depois de morto seu grande amor por ela, mas não estamos num filme. Então, melhor fazer tudo desse lado mesmo.