O Rockstar idoso
_Califórnia Girls [Crônica-desabafo-confissão]
Um senhor já idoso se põe no palco. Atrás dele os músicos se posicionam. As pessoas na platéia têm os olhos voltados para ele. A música começa. É um desses hinos dos começos do rock. A letra fala de juventude, de beleza, de como as meninas da Califórnia são as melhores... E a cadência dos instrumentos nos remetem àquele cenário...
Acontece que esse senhor que canta já beira os 80 e o público ali formado não é de jovens na flor da idade, mas de pessoas maduras e até mesmo idosas, que vem naquelas pessoas a ribalta de seus anos dourados... O tempo passou. O que fica é a nostalgia... E as canções.
As gerações se sucederam, os anos jovens dos anos 60 hoje são nossos avós e a juventude hoje é outra. Muitos dos "jovens" daquela geração já nos deixaram ou vão nos deixar, mais cedo ou mais tarde. Aquele mundo desapareceu e o que temos hoje são ecos que vão se esvaindo lentamente. Aquele vocalista do Beach boys é a prova disso. A juventude dele é apenas uma nostalgia.
E o que isso nos leva a pensar? Que o tempo passa? Que as significações se intercambiam ou se liquefazem? Sim... Claro que sim! Mas não é o tempo que eu sinto. Nem as significações. O que eu sinto é a minha própria transitoriedade como indivíduo.
Tenho 29 anos. Sou da última geração dos 90. Fui adolescente nos anos 2000 e agora estou na segunda década do século XXI. Meu mundo já foi substituído por outro e vejo que a minha "língua jovem" já começa a dar sinais de datação.
Infelizmente isso pra mim não é sinal de sabedoria, nem de experiência. Foi tudo muito rápido. Mal me dei conta que a adolescência passara e agora ja estou entrando nos 30 e algumas coisas já tem temperos de nostalgia.
Pensar nisso me deixa receoso e até com medo... O que o tempo me reserva? Apenas um passado nostálgico? Uma memória inventada das vivências reais que tivemos? Não sei... E isso me deixa cabreiro, como se diz em PE.
A parte desse desabafo pomposo e vazio, concordo com Guimarães Rosa, toda saudade é uma espécie de velhice.
E admito: o tempo me causa medo.