Quando as Urnas se Revoltam
 
Nas democracias estáveis, e querendo ou não o Brasil já é uma delas, as grandes mudanças acontecem normalmente pelo vaticínio fatal das urnas. Aqui, em tese, suponhamos que não haja fraude de nenhum matiz para que isso aconteça. Porém, antes da lacração cabal após a contagem dos votos, podemos perceber pelo tom das ruas o andamento derradeiro das eleições majoritárias.
Paulo Guedes, Ministro da Economia, no seminário ¨A Nova Economia do Brasil – o impacto para a região Nordeste”, realizado em 5 de setembro de 2019, no Ceará, afirmou que por duas vezes viu as urnas se rebelarem devido a uma falência no ¨establishment¨. A primeira em 1989 após uma inflação de 80% ao mês. Ninguém do chamado ¨centrão¨ conseguiu se eleger. Nem Covas, nem Ulysses ou outro mais ¨moderado¨. O fenômeno trouxe ao embate os extremos: Lula e Collor. O Brasil pagou para ver e viu. Collor foi eleito e anos depois Lula gerou um ciclo de corrupção que, após 16 anos de cansaço (incluímos Temer na conta), trouxe Bolsonaro ao poder.
Esses dois momentos representam, na verdade, revoluções através do voto. O povo se cansa da mesmice e resolve alternar todo o quadro de comando da nação. Isso é salutar para a democracia. Se assim não fosse não aprenderíamos no processo. Diziam que brasileiro não sabe votar. Em verdade, aprende-se a votar elegendo e verificando o acerto ou erro decorrentes das escolhas.
Guedes ainda mostrou os progressos do governo. Disse que acreditaria que em uns 6 a 8 meses o Presidente esfriaria e viraria um centrista. Não virou. Não irá virar e, segundo o Ministro, o PR seguirá assim até o fim. É a sua autenticidade que o trouxe ao poder e o manterá nele enquanto for fiel aos princípios que o elegeram, gostando ou não.
O fato é que as urnas reprovaram tanto a economia desenfreada quanto a corrupção descabida e deslavada. Bolsonaro fala a língua do povo. Muitos dizem que não era o ¨melhor¨, ou o ¨mais preparado¨. É muito raro, pelo menos no Brasil, se eleger o ¨melhor¨ ou o ¨mais preparado¨, vide os perfis de Dilma e Lula que isso se torna patente. É eleito quem melhor se comunica com o eleitor. Esse, no momento, é Bolsonaro e, se a economia continuar a reagir como tem reagido com os índices de criminalidade caindo e a esquerda fingindo que o que está acontecendo não é com ela sem fazer um ¨mea culpa¨, ouso dizer, apesar do tempo precoce: em 2022 a revolução bolsonarista continuará e assim será até que o povo canse ou que ele erre com seu eleitorado.