Não havia alunos, mas a tragédia é a mesma* (21/11/2019)
O teto caiu por cima do mundo. Simplesmente desabou com ninguém dentro. Pura felicidade! Não havia alunos, mas a tragédia é a mesma. A Escola Municipal Professor Manoel de Sousa Oliveira, morreu de velhice. As paredes caiadas recebem, a cada início de ano letivo, apenas uma demão de tinta. O prejuízo foi moral. Depois da interdição vão ser comprados: vigas, caibros e ripas. As carteiras também serão recuperadas. Os alunos voltarão para a sala de aula que apareceu na TV. Vai ter até bolo e refrigerante, para que eles não fiquem traumatizados. “Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela, não Porque na casa Não tinha chão (...)”. Creiam: as nossas escolas não atendem mais às necessidades educacionais. Elas foram construídas numa realidade bem diferente da atual. A maioria tem problemas estruturantes recorrentes e gravíssimos. E ninguém dá jeito. Não é desleixo, é falta de vergonha. A constituição diz que o governo é obrigado a investir na expansão da rede de ensino. Não podemos aceitar a despolitização da educação. Queremos ambientes escolares, onde possam ser desenvolvidas, dignamente, as atividades pedagógicas. A questão não é remodelar a sala de aula de uma escolinha de bairro, mas tratar a educação com mais responsabilidade. E é tirando do convívio escolar tudo que nos entristece, adoece ou desmobiliza que promoveremos a ressignificação de nós mesmos.