Eu sei que o mundo lá fora está um caos

“eu tô com saudade” .. Digitei e apaguei antes de deslizar o dedo para a direita onde estava escrito “enviar”. É sempre bonito entender quando se deve ir, como também é saber que não se sai da vida de ninguém sem avisar. É honesto. Mas, algumas vezes eu quero o agito. Noutras, silêncio. Por esse motivo que sermos sempre tão honestos, fazia meu estômago doer.

Eu sei que o mundo lá fora está um caos, e sei que nem sempre é possível substituir um discurso político por poema, e nem mesmo sei porque apago metade das mensagens que penso em enviar. Nos encontramos no silêncio de uma multidão, e desde então passo meus dias perguntando ao universo qual a intenção em nos colocar ali na mesma madrugada. Às vezes precisamos de muito mais coragem para desistir de uma coisa, que para seguir em frente. Lembrei de você dizendo que eu sempre desistia de tudo. Talvez seja apenas o meu jeito errado de me cuidar.

Não vou mentir que te achei audacioso ao me perguntar se eu sabia quem eu era, e no primeiro dia do ano. A gente mal sabia tudo que esse ano nos traria. E, eu que sempre me achei tão politizada, me sentia mais viva segurando sua mão. Só então sabia quem eu era. Isso te assustou, eu sei.

Escrevi um texto falando sobre como 'estar no Brasil e não desistir dele', tinha uma ligação tão forte com 'não desistir da gente'. Comprei um livreto de bolso com uma minibiografia do Henfil e grifei algumas partes. Queria tanto te contar. Ele diz que criamos mais sobre aquilo que nos deixa inseguros e inevitavelmente lembrei como tenho sido pátria e você. “Segura a minha mão?” Digitei ....

Distâncias! Nem sempre são só geográficas.

#TextoDeQuinta

Mili Alves

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 21/11/2019
Reeditado em 21/11/2019
Código do texto: T6800536
Classificação de conteúdo: seguro