No quartel
Recordo os tempos em que servi militarmente a este país. Creio que tenha sido útil ao Brasil, entre tantos inúteis espalhados pelos 4 cantos desta nação.
Como recruta tinha de estar no quartel às 6 da manhã, de segunda à sexta. Eu e todos.
Saía de casa ainda escuro.
Toda segunda-feira era o da corrida. Logo de manhã. O pessoal ia direto para o alojamento colocar o short, tênis, camiseta.
Quem comandava (a corrida) era o sargento Fernando, um baixinho, rosto avermelhado. Farrista, gostava de ir a “fumaceiro”, termo usado para designar prostíbulo.
“Boa praça” ele.
Iniciava a corrida. Percorríamos algumas ruas, nos arredores d as Base, pelas 7 da manhã.
Os recrutas, jovens, 18 anos, reclamavam: ----- Sargento, por que o senhor não transfere essa corrida para terça-feira? Segunda é dia cansativo, estamos de ressaca, “quebrados”...
Domingo “tomamos umas”, namoramos até mais tarde, o senhor sabe como é...
Ele: ---- Eu sei. Essa corrida é justamente pra isso, tirar ressaca, a moleza, a murrinha...
----- Eu também gosto de tomar as minhas, namorar. E estou aqui, firme e forte.
E perguntava, gritando: ----- Tem alguém cansado?
“Não”, todos respondiam. Mas havia sim alguns “com a língua pra fora”. Não éramos atletas.
Ninguém podia chegar só à base, desgarrado. Não, era penalizado.
Saíamos juntos, chegávamos juntos.
Era um percurso, digamos, relativamente longo. Fez-me bem, e a todos, esses exercícios semanais.
Embora não seja eu adepto das forças armadas comandar a nação, politicamente, uma proposta interessante é a de criar escolas militares, não para aluno de melhor condição econômica, como ocorre hoje.
Mas para aqueles alijados, excluídos social e materialmente (baixa renda). Nessa categoria há muitos jovens inteligentes, capazes.
Sim, há bons princípios na caserna que podem servir à formação de crianças e jovens.
Me parece ter sido essa (criação dessas escolas) uma das promessas do atual governo de extrema-direita.
Se cumprirá a proposta, não sei.