A borboleta azul e preta
Cheguei ao Recanto das Borboletas e pousei-me à beirada da cachoeira onde as mariposas encantavam o ar. Observei tons peculiares impossíveis de serem decifrados, pois a natureza cuidara de pintá-las e como numa visão 3D, a cada ângulo se via suas cores sendo alteradas.
Uma borboleta azul e preta era a que mais me chamava atenção, pois sobrevoava em minha volta como se desenhasse uma auréola sobre minha cabeça me inocentando de todos os meus delitos. Sentia-me em um paraíso pela sensação de liberdade e o som das águas espumadas criava um ritmo instrumental que induzia os metamórficos invertebrados a se exibirem.
Uma pequenina piscina de lentas águas correntes formada pelo desvio das ondas me convidava a um banho gelado e a um relaxamento espontâneo aos quais meus ossos sofreriam o “efeito borboleta”.
Mergulhei lentamente adentro e ao emergir senti o ápice do prazer sinestésico pela aquela natural mistura de cheiro de mato com o gosto de estar sendo usado pela natureza, era ela me seduzindo. Entretanto eu havia provocado um pequeno acidente ao mergulhar. A borboleta azul e preta tocara suas asas na água e como um barco naufragado com suas velas tombadas na planície do mar, perdia o rumo e estagnara-se sobre as águas serenas. Demorei a perceber o sofrimento do ser que pedia por socorro silenciosamente. Ao sair da piscina, avistei a borboleta azul e preta se despedindo da mãe natureza e mais que depressa, pus-me a retirá-la cuidadosamente das águas e a coloquei na pedra para que o sol pudesse restaurá-la. Em meus dedos, um pó misturado à umidade os marcava com uma rinsagem que assinaria digitalmente o meu nome naquele lugar que testemunhou o voo milagroso da borboleta azul e preta a qual se juntou novamente ao bando das mariposas do recanto.
Ao retornar para casa, imaginei encontrar pelo caminho a borboleta azul e preta, mas entendi que o recanto é como o refúgio, lugar onde é dada uma segunda oportunidade àquele que mata o sonho. E o luso poeta diria:
“Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.”
Cheguei ao Recanto das Borboletas e pousei-me à beirada da cachoeira onde as mariposas encantavam o ar. Observei tons peculiares impossíveis de serem decifrados, pois a natureza cuidara de pintá-las e como numa visão 3D, a cada ângulo se via suas cores sendo alteradas.
Uma borboleta azul e preta era a que mais me chamava atenção, pois sobrevoava em minha volta como se desenhasse uma auréola sobre minha cabeça me inocentando de todos os meus delitos. Sentia-me em um paraíso pela sensação de liberdade e o som das águas espumadas criava um ritmo instrumental que induzia os metamórficos invertebrados a se exibirem.
Uma pequenina piscina de lentas águas correntes formada pelo desvio das ondas me convidava a um banho gelado e a um relaxamento espontâneo aos quais meus ossos sofreriam o “efeito borboleta”.
Mergulhei lentamente adentro e ao emergir senti o ápice do prazer sinestésico pela aquela natural mistura de cheiro de mato com o gosto de estar sendo usado pela natureza, era ela me seduzindo. Entretanto eu havia provocado um pequeno acidente ao mergulhar. A borboleta azul e preta tocara suas asas na água e como um barco naufragado com suas velas tombadas na planície do mar, perdia o rumo e estagnara-se sobre as águas serenas. Demorei a perceber o sofrimento do ser que pedia por socorro silenciosamente. Ao sair da piscina, avistei a borboleta azul e preta se despedindo da mãe natureza e mais que depressa, pus-me a retirá-la cuidadosamente das águas e a coloquei na pedra para que o sol pudesse restaurá-la. Em meus dedos, um pó misturado à umidade os marcava com uma rinsagem que assinaria digitalmente o meu nome naquele lugar que testemunhou o voo milagroso da borboleta azul e preta a qual se juntou novamente ao bando das mariposas do recanto.
Ao retornar para casa, imaginei encontrar pelo caminho a borboleta azul e preta, mas entendi que o recanto é como o refúgio, lugar onde é dada uma segunda oportunidade àquele que mata o sonho. E o luso poeta diria:
“Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.”