O NOIVADO DE BRITO
CRÔNICA
 
Brito estava verdadeiramente apaixonado. Decidido, iria pedir a mão de sua “nêga” em casamento.
Tocou a campainha da casa dela e foi atendido por uma serviçal que mostrando o assento da sala pediu para aguardar.
E desapareceu dali sem vestígios, deixando-o sozinho, esperando.
Já sabia que o pai da garota era brabo e não admitia que filha sua namorasse às escondidas. Vivia advertindo sempre em casa: “Rapaz que quer casar não esconde a sua intenção”. Era isso que Hilda, a sua namorada, sempre lhe dizia.
Brito começou a desconfiar que não havia alguém em casa quando na escadaria surge uma mulher muito elegante, vestindo um robe preto, transparente e esvoaçante sobre uma lingerie da mesma cor.
Chega até ele e se apresenta como sendo a genitora de Hilda. A sua namorada, o pai, irmãos, tios e sobrinhos, tiveram que comparecer a um cerimonial na Igreja. Já estarão chegando. Falando, foi se aproximando mais do futuro genro, levando consigo a fragrância de uma colônia suave, agradável e excitante.
Brito corou e ao pegar a mão da sogra para beijar, sentiu uma espécie de tontura que, para não cair, segurou-se na própria senhora que o sustentou e aproveitou para abraça-lo carinhosamente.
Um pouco refeito, Brito começou a sentir desejo e antes que alguém chegasse, tencionava satisfazer seus instintos. Tinha que ser para logo. Não queria mais “papo” e cerimoniosamente pediu licença à madame para ir ao carro pois deixara seus documentos no veículo, que ficara aberto.
Quando Brito ainda trêmulo tenta colocar a chave na porta do seu carro ouve uma grande gritaria de algumas pessoas, descendo ali de uma “caravana”, ovacionando seu nome: _ Viva Brito! Viva Brito! Brito é o maior.
O pai de Hilda toma a frente do pelotão e se dirigindo a Brito, com a mão estendida para cumprimenta-lo, parabeniza-o por ele ter provado que era um cidadão honesto, respeitador e merecedor do amor de sua filha.
Hilda em seguida explicou e lhe pediu desculpas pela trama armada para ele. Ela falou que era tradição familiar para todo pretendente a nela ingressar, ser testado para confirmar sua hombridade.
Brito até então permaneceu calado e assim ficou enquanto não “soltasse” um grande suspiro e imaginasse como tivera tanta sorte ao ter deixado o "preservativo" no cofre do carro.


 
valdezjuval
Enviado por valdezjuval em 16/11/2019
Reeditado em 08/12/2019
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