Viagem.
Em uma simples viagem onde ultrapassei um limite geográfico encontrei-me comigo mesmo em meio a um tumulto. Encontrei respostas e acabei formulando novas perguntas que também me foram respondidas de uma forma muito sutil. A minha alma foi sombreada de cores e nuances desconhecidas. A emoção aflora de uma forma imensurável, instantaneamente fizemos uma viagem transcendental, onde mergulhamos nos labirintos mais complicados da vida. A princípio veio o pânico, seguido de um medo, depois veio a paz, a tranquilidade, a certeza que o universo conspirava a nosso favor. Estamos entre quatro paredes, na penumbra de um quarto aconchegante e confortável, o brilho da lua penetra deixando a tua pele em um tom hipnotizante. Debruçado na janela vejo um oceano sem fim. O barulho das águas, aquela sintonia aleatória das ondas de vai e vem nos despertou a libido. Estamos na mais absoluta sintonia fina, teus lábios, tua pele, teus poros transpirando desejos em cima dos meus. Nos entregamos sem medo e sem culpa. O mundo parou em conferência com outros mundos nos provando que contos de fadas existem. Nos deixamos levar, nos permitimos ser marcados um pelo outro. O fogo ardente de nossas peles entram em erupção nos consumindo com a chama viva da paixão. Em poucas horas provamos um para o outro que a felicidade, o amor, a paixão e o desejo existem e que o impossível torna-se possível, o feio torna-se o mais belo dos belos. Todos os rótulos e máscaras caíram por terra. É como se nossas almas estivessem despidas, pecamos a noite toda, depois veio a permissão para pecarmos mais e mais, dormimos e acordamos sorrindo sem propósito, foi um amor a Allan Kardek, me alimentei sem precisar usar as mãos, saímos a beira mar contemplando aquela imensidão de águas em tons verdes e azuis, não enxergávamos pessoas, apenas um ao outro e a natureza. Paramos em um lugar ao clarão do dia, detalhes, minúcias, impressões digitais foram reveladas e comparadas, ganhando suposições filosóficas, animais e frutas exóticas deram o ar da graça, até que nos despedimos com cheiros e abraços que ficaram marcados nas nossas condições olfativas… cheiros exclusivos, característicos e únicos, no fim da tarde caiu uma chuva muito forte…
Para o amor é preciso estar próximo para tocar e acariciar mas foi preciso o afastamento para se sentir o desejo e a falta de… mesmo que isso morra na praia, mas foi intenso e avassalador… foi verdadeiro…
As coisas se tornaram mais fechadas e secundárias, não há abertura para coisas fúteis e obsoletas. Na minha condição comportamental terei sempre esta cina de estar sozinho por um longo período de tempo, porém nesses momentos de solidão, espaços e reticências terei vantagens e chances de surgirem pessoas e amores, e, ainda corro o risco de ter um grande amor.
João Pessoa, 29 de Abril de 2007.