Esses dias encontrei um ex-professor...
"Esses dias" encontrei um ex-professor...
É um senhor baixo e magro, com aparência de um oriental, que lecionava inglês em uma escola da rede pública estadual e que me deu aulas no início do 2º ano do ensino médio. Ele entrou na sala em que trabalho, em uma repartição pública, sem ao menos me cumprimentar e também sem demonstrar que se lembrava de mim _ até porque já havia se passado mais de doze anos desde que ele me deu aulas_, pedindo indicação de onde encontrar uma pessoa que trabalhava um andar acima do meu. Lhe apontei a escada, que fica ao lado da minha mesa, indicando onde estava localizada a sala. Ele subiu sem mais dizer.
Fiquei ali, pensativa, relembrando a época em que ele manchou o meu boletim com uma nota muito baixa, injusta demais por sinal, e com aquela indignação na alma porque ele fez aquele estrago em meu currículo escolar e nem sequer se lembrava de mim. Eu, contudo, jamais o esquecerei. Que conste nos autos que não o odeio nem nada do tipo, mas realmente fico com um sentimento de revolta quando lembro do episódio em que ele, após um trabalho em dupla que, diga-se de passagem, eu fiz praticamente sozinha, atribuiu uma nota excelente à colega que fez dupla comigo enquanto a minha nota foi abaixo da média. Lembro perfeitamente de ter ido falar-lhe, pedindo-lhe que corrigisse o engano, uma vez que a nota era necessariamente referente ao trabalho que realizei e que, portanto, não poderia diferir da nota da minha colega, já que era atribuída aos integrantes da dupla de forma igual, não havendo na avaliação qualquer espécie de distinção. Na ocasião ele reconheceu o equívoco e garantiu-me que iria fazer a correção. Tudo aclarado, não mais me preocupei com o tema.
Entretanto, qual não foi minha surpresa quando, após ser transferida de escola, no mesmo ano letivo, a nova professora me falou que eu precisaria de uma boa nota para recuperar o bimestre anterior, que estava abaixo da média na disciplina de Inglês. Quando ela disse isso eu fiquei surpresa (e bastante revoltada) e expliquei a situação, mas, como o que valia era o documento, só me restou ficar extremamente chateada e “correr atrás do prejuízo” para recuperar a nota. Até pensei em voltar à escola anterior e exigir a correção, mas acabei desistindo porque não estava a fim de me estressar. Consegui finalizar o ano letivo sem maiores complicações, mas não graças a meu ex-professor.
Este episódio ficou marcado em minha memória (e em meu histórico escolar) e, ao encontrar este professor naquele dia, fiquei meditando:
“Há algumas pessoas que fazem um estrago em sua vida e depois simplesmente esquecem, pois para elas não faz a menor diferença.”
Mas fico feliz em saber que, apesar de tudo, a gente sempre pode levantar a cabeça e seguir em frente, recuperando o que foi perdido (ou tirado) porque, não importa o que lhe tirem, se você tiver a determinação para lutar pelo que deseja e precisa, nenhum esforço contrário pode lhe deter. Deus é fiel nas grandes e nas pequenas coisas, coloque-O adiante de tudo em sua vida e, assim, não haverá barreira que fique de pé à sua frente.
Vilhena/RO, em 16/11/2019.