Pelé não se discute
Dia desses, vendo meio sem ver um destes filmecos que são repetidos exaustivamente nas TVs a cabo, do nada ouvi uma frase que gostei – você me viu quando eu era invisível. Bonito isso! Amor, amor começa por aí, acho. Frases, singelas ou profundas são por vezes inquestionáveis – revelam o subentendido e ficam martelando.
Recentemente em Buenos Aires, peguei um táxi no aeroparque sentido Avellaneda e um pouco pra passar o tempo, um pouco pra aprimorar o portunhol, puxei conversa com o motorista (com cara de poucos amigos e que, portanto pouco falava) o assunto, claro, foi futebol (com argentino não tem erro, futebol ou política rendem longos e gostosos papos, desde que você concorde com ele, óbvio).
O portenho era “hincha del Boca”, mas fez questão de salientar que não compactuava com certas atitudes da La 12 embora vibrasse muito com a criativa cantiga “Dale, dale, dale, dale boca. Dale, dale, dale, dale bo” e, para minha surpresa, tinha como ídolo maior Antonio Rattin (o cara que impulsionou a criação dos cartões vermelho e amarelo) e não Maradona ou Messi.
Antes que eu perguntasse ele esticou o assunto: Maradona foi heroico na copa de 1986, mas suas atitudes nunca me encantaram, já o Messi não é argentino; é um grande jogador, pero no hay sangre.
Como brasileiro não resisti e sapequei – E Pelé? Ele silenciou por um tempo, me encarou pelo retrovisor e, disse reverentemente “es imposible hablar de Pelé, nadie se compara com El”.
É isso – taxativo – Pelé não se discute!