Estamos nus


 
Há anos a pergunta que não quer calar é se estamos sozinhos no universo. Quanto a essa pergunta eu não tenho resposta, pois com as marmotas que temos na terra nem Jesus volta nem os ETs fazem contato conosco. Porém, posso assegurar que perdemos a privacidade e não estamos mais sozinhos nem no banheiro.

Cada vez mais a tecnologia tem se mostrado um importante mecanismo para vasculhar a vida das pessoas, somos vigiados 24 horas por dia. Quem quiser basta fazer um teste. Já o fiz com alguns colegas. Falamos durante conversas no Whatsapp que queríamos ir para Cancun no México. Pouco tempo depois passamos a receber anúncio publicitários desses lugares. Portanto, não estamos sozinhos no mundo virtual.

Alguns tempo atrás, uma empresa americana estava oferecendo mapeamento de DNA grátis. Não é um exame barato e não o faziam por caridade. O que muitos não percebiam é que ao autorizar a coleta do material eles assinavam um contrato autorizando o estudo e uso das informações ali colhidas.

Imaginem quanto não vale essas informações para os laboratórios, hospitais, setor de turismo, planos de saúde, seguros de vida e tantos outros segmentos. Vivemos a era da informação, quanto mais melhor. Traçar o perfil do consumidor é o que tem de mais rentável para o mercado poder vender seus produtos.


O reconhecimento digital é outro fator importantíssimo. Embora tenha como objetivo reconhecer criminosos, não deixa de ser um mecanismo de controle  social dos indivíduos. Ao que tudo indica, até no banho pode ter um mecanismo escondido no chuveiro rs. Atualmente,  "Mato tem olho e parede tem ouvido". É para se desconfiar até da própria sombra  que pode está grampeada.


Recentemente,  o colunista Fernando Grostein Andrade, desenvolveu uma interessante teoria num artigo no New Yok Times, segundo ele,  a invasão de privacidade pode levar a uma revolução moral. Em seu interessante artigo ele faz um prognóstico de algo que pode vir a se concretizar no futuro.

O cerne dessa teoria seria levar as pessoas a não viver a máxima: "faça o que eu digo, mas não o que eu faço". As pessoas dizem uma coisa e fazem outra. Até aí nenhuma novidade, pois é o perfeito caso brasileiro da moral de casa e da rua. Mas com a nova invasão de privacidade pela tecnologia,  já não seria mais possível sustentar certos discursos diante das provas dos fatos e da quase inexistente separação entre público e privado. Como exemplo ele cita o caso de um senador gay que perseguia homossexuais e que foi pego no flagra praticando o ato.

Trazendo para o Brasil, se formos verificar os discursos inflamados em favor de certos valores, será que essas pessoas passariam pelo crivo da invasão de privacidade? Não estou falando de grampo ilegal, mas aquela câmera indiscreta, no lugar errado e na hora errada, escondida  no poste, que flagra a pessoa tirando meleca do nariz rss. 

Se formos levantar a ficha de lideres religiosos, políticos, professores, pastores, padres, praticantes de caridades. Será que os discursos são condizentes com a prática? Nem o amor escapa da invasão de privacidade. Não são raros os casos de pessoas flagradas fazendo declarações de amor pra uma dúzia de outras pessoas, o amor no tempo do copia e cola.

Na verdade somos todos humanos, demasiadamente humano, como já se disse. A ambiguidade é inerente  ao ser humano. E a tecnologia tem demonstrado cada vez mais isso. Interessante que Cristo nem precisou dela para dizer: "Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra". Ele era um exímio conhecedor da natureza humana. Portanto, quem defende qualquer posição, talvez, no futuro, terá que o fazer de forma coerente ou ouvirá: "Até tu Brutos?" Esse é o novo mundo da sociedade do espetáculo.





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