NA GANGORRA DA VIDA (" - Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva esta me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro." — Clarice Lispector
Nenhum homem é abominação para Deus e a existência de todos é motivo de alegria para Ele. Apenas de vez em vez, acontece dEle ralhar com um. Esta desigualdade com que Deus trata os desobedientes é também uma forma de amar. Contudo, sou o ralhado da vez, mas duvido que o destino tenha me abandonado, pois monitora com a dor quase constantemente, por isso sejam valorizadas as poucas pausas, isso é momentos de prazer! A vida é (Cu)rta, mas (pica)nte!
Assim vivemos esta gangorra existencial, representada por uma relação sexual: uma hora de esforço físico e psicológico para obter cinco segundos de orgasmo. Quem lhe ensinou a gemer, tanto para expressar a dor, bem como o gozo! O que me embaraça é ouvir as mesmas interjeições. "É preciso relaxar para gozar" (Marta Suplicy), e eu digo: é preciso também calejar para aguentar a dor: isso é felicidade, o torpor da vida!
Também, se a vida fosse um orgasmo constante, eu iria preferir um pouco de dor. Que venham as dores e os relampejos de alívio. Tudo vai acabar bem!