As quedas e nossos filhos
Hoje de manhã me aconteceu uma situação inusitada e até meio cômica: estava apressada para ir ao trabalho e fui deixar minha filhinha na casa de minha mãe. Ela estava sonolenta e eu a levei nos braços , embora seja quase insuportável ,pois já tem cinco aninhos e é bem fortinha. Quando cheguei à porta da casa , não percebi que o piso estava molhado em uma parte da área de serviço, escorreguei e a queda foi inevitável. No momento tentei segurar minha filhinha com todas as forças ,para minimizar o impacto de seu corpinho no piso.No final acabei a soltando de meus braços. Graças a Deus , não nos ferimos e tudo terminou em boas risadas.
Que lição!!O aprendizado foi imediato. Nós ,adultos e pais, especialmente de crianças e adolescentes ,quando temos um desvio de conduta ,uma queda moral ,a primeira coisa que tentamos fazer é proteger nossos filhos dos impactos negativos daquela situação.Achamos injusto e não queremos jamais que eles sofram por atitude de negligência da nossa parte. Queremos poupá-los a qualquer custo. Infelizmente nossas tentativas são totalmente vãs. Sempre que os pais caem ,no sentido figurado ,arrastam juntamente consigo seus filhos, automaticamente. Em muitos casos são eles os que mais se ferem. São inúmeros casos de filhos machucados interiormente, sangrando ,se arrastando pelo caminho da vida sem perspectiva de cura por feridas geradas de quedas de seus pais. É um sofrimento gratuito,pelo qual nada fizeram para provocá-lo ou merecê-lo.
Fiquei pensando em quantos lugares escorregadios e perigosos pisamos , e de salto alto ,nos sentindo imunes e invulneráveis a deslizes,colocando a nossa dignidade em risco , ignorando todos os sinais possíveis dados por Deus através de uma variedade de meios .Esses lugares podem não ser físicos, mas sim, uma amizade,uma aproximação ,uma rede social, um olhar,uma palavra. A água transparente e quase imperceptível , que nos faz escorregar, pode ser comparado aos desejos e impulsos do nosso enganoso coração,às vezes somos traídos por ele mesmo, que se ilude com sensações e paixões carnais . Só depois da queda , quando estamos no chão, sem forças para levantar nos damos conta da armadilha pela qual nos prendemos.
Algumas quedas são fatais. Outras provocam limitações incorrigíveis, outras, cicatrizes profundas. Devemos evitá-las a qualquer custo ,mas caso caiamos ,o importante é nos levantarmos e tentar seguir em frente , talvez carregando diuturnamente as sequelas ,ou curados e restituídos totalmente. Há sempre uma saída!!