Cândida crônica
Acabo de ler um texto do livro "A Descoberta do Mundo" de Clarice Lispector e relembro uma história dessas que não entendemos como acontece, mas para o seu não entendimento mesmo assim acontecem e nada se pode fazer. Era sobre o relacionamento da escritora com o Músico Xico Buarque, no qual tentava deixar claro que o que tinha por ele era mera admiração. E para isso está usava a palavra candura como adjetivo para o então rapaz.
Daí me lembrei de um episódio com uma moça do tempo de escola que também tinha relação com a música. Lembrei exatamente pelo fato de ela ter Cândido no nome. Fomos algo como amigos no ensino médio. Eu já escrevia, e nunca soube se o fato de ela ler meus textos era por gostar ou somente porque eu quase a obrigava ao gesto. Eu também tinha relações com a música e às vezes tirávamos um tempo para tocar algo nos intervalos. O que me fez lembrar dela foi a pequena confusão que a moça fez ao contar para Clarice que também tinha admirações por Xico Buarque. E Clarice quis deixar bem claro que a admiração era somente pela candura e bondade Xico e nada mais.
Pois bem, quando essa minha amiga casou-se continuei enviando-lhe os textos para sua leitura. Mas enfim o marido dela veio me tirar satisfação e diferentemente do que aconteceu com Clarice não pude deixar claro as intenções que tinha com a moça candida no qual eu admirava. Sei que nunca mais pode enviar-lhe textos, e pelo fato nunca mais me procurar para fins tanto literários quanto na música entendi que ela me lia somente por obrigação mesmo.