Cândida crônica

Acabo de ler um texto do livro "A Descoberta do Mundo" de Clarice Lispector e relembro uma história dessas que não entendemos como acontece, mas para o seu não entendimento mesmo assim acontecem e nada se pode fazer. Era sobre o relacionamento da escritora com o Músico Xico Buarque, no qual tentava deixar claro que o que tinha por ele era mera admiração. E para isso está usava a palavra candura como adjetivo para o então rapaz.

Daí me lembrei de um episódio com uma moça do tempo de escola que também tinha relação com a música. Lembrei exatamente pelo fato de ela ter Cândido no nome. Fomos algo como amigos no ensino médio. Eu já escrevia, e nunca soube se o fato de ela ler meus textos era por gostar ou somente porque eu quase a obrigava ao gesto. Eu também tinha relações com a música e às vezes tirávamos um tempo para tocar algo nos intervalos. O que me fez lembrar dela foi a pequena confusão que a moça fez ao contar para Clarice que também tinha admirações por Xico Buarque. E Clarice quis deixar bem claro que a admiração era somente pela candura e bondade Xico e nada mais.

Pois bem, quando essa minha amiga casou-se continuei enviando-lhe os textos para sua leitura. Mas enfim o marido dela veio me tirar satisfação e diferentemente do que aconteceu com Clarice não pude deixar claro as intenções que tinha com a moça candida no qual eu admirava. Sei que nunca mais pode enviar-lhe textos, e pelo fato nunca mais me procurar para fins tanto literários quanto na música entendi que ela me lia somente por obrigação mesmo.

Henrique Erik Machado
Enviado por Henrique Erik Machado em 11/11/2019
Código do texto: T6792143
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.