NÍVEL SUS.

Corredores lotados, mulheres, homens, crianças, idosos, semblantes cansados, que expressam a dor do descaso e quase abandono. Na parede o relógio marca meio dia e dez, manhã fria de terça-feira. Unidade de pronto-atendimento zona Oeste, Sorocaba. O Instituto Diretrizes é responsável por todo o funcionamento do prédio. De um lado, atendimento de adultos, do outro, infantil.

O prédio passou por reformas básicas, no primeiro olhar, percebe-se que o ambiente em si não é ruim, paredes limpas, boa iluminação, painel eletrônico de senhas, banheiros limpos. Na área infantil deixaram um pequeno espaço com diversos brinquedos para as crianças, nada de extraordinário, tudo muito simples. Há seguranças que controlam a entrada e saída, os funcionários e enfermeiros, muito atenciosos e devidamente uniformizados.

Na sala de triagem, encontra-se equipamentos bons, não são os melhores do mundo, mas, a nivel de SUS, considero-os excelentes. Afere-se a pressão cardiovascular, temperatura corporal, nível de oxigenação cerebral. Com esses dados, classifica-se o paciente em categorias de cores, uma fita é colocada no pulso do paciente com a respectiva cor. A primeira, azul, significa, não urgente, com previsão de atendimento de 240 minutos. A segunda, verde, significa pouco urgente, com previsão de atendimento de 120 minutos. A terceira, amarela, significa, urgente, com previsão de atendimento de 60 minutos. A quarta, vermelha, significa muito urgente, com atendimento imediato. Em tese, funciona - a realidade - ineficiente.

Ao primeiro olhar é tudo muito… Organizado, pelo menos é a rápida primeira impressão, entretanto, ela logo se desfaz quando o candidato se propõe a ficar ali por mais de quinze minuto. Logo percebe-se, um número absurdo de pacientes fazendo a ficha na recepção, quanto a tiragem, é lenta. Já o atendimento propriamente dito, é ainda mais lento. Percebe-se - pela demora - que o número de clínicos atendendo nunca passam de três, isso quando há três atendendo. Outra coisa que chama a atenção, é a qualidade do atendimento médico em si. Eu sei que não tenho formação em medicina, sou um completo leigo, mesmo para um leigo como eu, nota-se que os médicos parecem seguirem uma espécie de cartilha decorada. O paciente nem bem terminou de dizer o que sente e o doutor está com o diagnóstico pronto… 'Seu problema é tal; tome este e àquele remédio', isso sem nem bem olhar nos teus olhos, quanto a te examinar, é quase como ganhar na loteria.

Os níveis de um Pronto atendimento para o outro é uma variável, sempre para menos, nunca para mais. Como eu disse anteriormente, ao primeiro olhar, parece ser bom, mas não se deixe levar por paredes bem pintadas e funcionários bem uniformizados. O que o povo quer e precisa, é de médicos de verdade, que te olhe no olho, que converse com você, que te examine, que peça exames… Que seja um ser humano como você. Mas, estamos longe disso. Preocupam-se mais em construir avenidas de concreto custando milhões - sem a mínima necessidade - do que investir em saúde e segurança. É sempre a mesma coisa, o tempo todo e todo o tempo.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 10/11/2019
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