Entardecer em São João del Rei
É tarde do mês de outubro. O calor é muito forte, fazendo com que se beba muita água, pois o suor escorre no rosto molhando a camisa e dando uma sensação de alívio. O vento sopra trazendo uma pequena brisa para aliviar a alta temperatura.
Entre cinco longos e grandes coqueiros, encontra-se a Igreja de São Francisco. Está ela rodeada de tabiques construídos de cimentos e pintados nas cores originais do período histórico.
O céu meio azulado, com algumas cinzas nuvens, mostra a beleza do entardecer. Faltam poucos minutos para as dezoito horas, ou mais costumeiras seis horas da tarde, como diz o mineiro quando a noite se aproxima. O vento sopra um pouco mais forte e balança os galhos dos cinco e longos coqueiros. Um galho se solta do caule. Balança para o lado direito e para o lado esquerdo. Ele cai. Por pouco, não cai sobre um turista meio distraído que fotografa a linda e perfeita construção histórica. Foi preciso que a companheira lhe desse um pequeno empurrão para que o galho não lhe machucasse. Alguns pássaros sobrevoam rapidamente o local. Devem estar à procura de algum inseto, pois a tarde se aproxima. Eles estão com fome e procuram rapidamente o jantar. Nas ruas adjacentes, veem o tráfego de vários veículos soltando sons de motores, gases e sons de buzinas, pois é hora de muitos motoristas estarem indo para às casas. Buzinas de motocicletas são ouvidas e roncos de motores quebram o silêncio da tarde que se aproxima.
Aos poucos, o sol vermelhado vai deixando de iluminar a igreja e a sombra vai lentamente tomando o lugar. No jardim à frente, dois amigos passeiam com seus cães. Param por algum momento e apreciam o entardecer. Um pássaro pousa no telhado de uma casa. Faz algum malabarismo e solta um pequeno som, uma pequena introdução de seu canto, mas logo voa. Deve estar apressado, semelhante às pessoas que ali passam. Um casal de pombos pousa, um a cada torre da igreja. Estão conversando entre si e dizendo que a tarde está bela. Querem procurar o lugar para o descanso, mas as beiradas das torres são íngremes. Caso adormeçam, deverão cair. Batem as asas e ensaiam um pequeno namoro. São logo distraídos com o som de um fogo de artifício soltado ali por perto. Deve ser alguém muito feliz ou que tenha acertado algum jogo na loteria.
Dos turistas que ali estão, muitos se encantam com a beleza da igreja. Com celulares, máquinas fotográficas possantes e até filmadoras, gravam e congelam lindas imagens deste lindo lugar.
A sombra lentamente vai consumindo a pouca luz que ilumina as paredes do templo. Breve, a noite chegará vagarosamente e ainda dando oportunidade para algum despercebido turista contemplar a venustidade, congelando mais uma imagem do local.
Alguns turistas descem de um ônibus, comentam entre si e saem andando a longos passos, pois precisam entrar no ádito. Com certeza, devem assistir alguma missa. O padre e os coroinhas chegam apressados. Vão cumprimentando quem ali está. Então, haverá missa.
Assim, a noite vem chegando pachorrenta. O silêncio do momento é quebrado pela primeira badalada do sino ao longe. Imediatamente, os sinos soam e repicam por alguns minutos. É hora do Angelus. Alguns abaixam a cabeça e oram em agradecimento por mais um dia vivido. Oram para a família, para os entes que se foram, para quem a consciência pede. Mais um dia do mês de outubro se foi. É esperar para o novo dia após a noite chegar e novamente, ao entardecer do novo dia, novos acontecimentos para quem, ali, observa.