O Aproveitador
Tem certas coisas que não deveriam acontecer e muito menos serem escritas, entretanto, não posso me calar e hoje (12/2010) passados quase cinquenta anos contarei um fato que presenciei sobre um dos responsáveis por uma instituição de assistência a deficientes visual.
Lá pelos idos dos anos sessenta, eu ainda um moleque, resolvi trabalhar para ganhar meu próprio dinheirinho. Fui à luta e consegui uma vaga para trabalhar, sem registro, nessa instituição que me reservo o direito de não mencionar o nome, mas que é bastante conhecida.
Meu trabalho consistia em distribuir nas salas de aulas das Escolas do Rio de Janeiro, a cada criança, uma pequena lista em branco com vinte cinco espaços para que pedissem a seus familiares e vizinhos, que ali assinassem, qualquer quantia que fosse, para ajudar a tal instituição.
Depois de uma semana eu voltava na tal escola e recolhia as listas com as contribuições feitas e as levava ao escritório que ficava no Centro da Cidade para prestar conta.
Posso garantir que a arrecadação era bem alta. Uma verdadeira obra de amor que todos os que contribuíam, faziam em benefício do próximo.
Agora vem o que eu não gostaria de estar escrevendo:
Em uma dessas minhas prestações de contas - a última diga-se de passagem - ao chegar ao escritório encontrei a porta da Diretoria entreaberta e pude ouvir parte da conversa entre o Presidente e o Secretário que transcrevo:
- Presidente, segunda feira vence a prestação da sua Mercedes. Como o senhor vai fazer?
- Não se preocupe. Daqui a pouco começam a chegar os garotos com as arrecadações da semana. - Riu.
- Mas vai dar para pagar a prestação?
- Acredito que sim. Têm sido muito boas as doações. Nossos contribuintes são fiéis a causa. - Gargalharam os dois.
Dali mesmo eu voltei e naquele dia não prestei conta.
Dirigi-me a dois endereços onde funcionava a Instituição (local onde alguns cegos trabalhavam) e entreguei ao responsável de cada uma delas o equivalente a metade do arrecadado.
Espero hoje, que isso tenha mudado e os novos responsáveis sejam verdadeiramente honrados.
11/12/10
Tem certas coisas que não deveriam acontecer e muito menos serem escritas, entretanto, não posso me calar e hoje (12/2010) passados quase cinquenta anos contarei um fato que presenciei sobre um dos responsáveis por uma instituição de assistência a deficientes visual.
Lá pelos idos dos anos sessenta, eu ainda um moleque, resolvi trabalhar para ganhar meu próprio dinheirinho. Fui à luta e consegui uma vaga para trabalhar, sem registro, nessa instituição que me reservo o direito de não mencionar o nome, mas que é bastante conhecida.
Meu trabalho consistia em distribuir nas salas de aulas das Escolas do Rio de Janeiro, a cada criança, uma pequena lista em branco com vinte cinco espaços para que pedissem a seus familiares e vizinhos, que ali assinassem, qualquer quantia que fosse, para ajudar a tal instituição.
Depois de uma semana eu voltava na tal escola e recolhia as listas com as contribuições feitas e as levava ao escritório que ficava no Centro da Cidade para prestar conta.
Posso garantir que a arrecadação era bem alta. Uma verdadeira obra de amor que todos os que contribuíam, faziam em benefício do próximo.
Agora vem o que eu não gostaria de estar escrevendo:
Em uma dessas minhas prestações de contas - a última diga-se de passagem - ao chegar ao escritório encontrei a porta da Diretoria entreaberta e pude ouvir parte da conversa entre o Presidente e o Secretário que transcrevo:
- Presidente, segunda feira vence a prestação da sua Mercedes. Como o senhor vai fazer?
- Não se preocupe. Daqui a pouco começam a chegar os garotos com as arrecadações da semana. - Riu.
- Mas vai dar para pagar a prestação?
- Acredito que sim. Têm sido muito boas as doações. Nossos contribuintes são fiéis a causa. - Gargalharam os dois.
Dali mesmo eu voltei e naquele dia não prestei conta.
Dirigi-me a dois endereços onde funcionava a Instituição (local onde alguns cegos trabalhavam) e entreguei ao responsável de cada uma delas o equivalente a metade do arrecadado.
Espero hoje, que isso tenha mudado e os novos responsáveis sejam verdadeiramente honrados.
11/12/10