Educação?

Educação é palavra complexa. Disfarçada de simplicidade.

Educação é aprender -- mas aprender o que, exatamente?

"Aprender a aprender", apontarão os conceitualistas, medalhões de livros obrigatórios em concursos públicos. A máquina, mes amis, tem que continuar rodando, cierto?

Aprender é um processo eterno, Gente Fina. É uma estrada enorme, praticamente infinita. Que caminha ao lado da estrada da Vida -- "pela longa estrada da vida / vou correndo não posso parar...", pode a canção ser lembrada. Mas em educação não se pode apressar o processo de aprendizagem. Isso resulta em erros que demandam o dobro, o triplo e muitas vezes muito mais do tempo que se levaria para promover um ensino útil, eficaz e duradouro, prático. Só se alcança a excelência (a Perfeição é muito chata e surreal demais para ser compreendida por nós, mortais, terráqueos, seres dotados de faculdades mentais limitadíssimas...) através (isto é, ao longo) de muitos esforços e sacrifícios pessoais. Válidos apenas para os que desejam Vencer na Vida. Aos demais, tudo isso é conversa fiada. Balela. Papo furado, Gente Fina.

"Aprender a aprender ensinando"? Sim. Pesquisas (dê um "Google" nisso) apontam para a taxa elevada de possibilidades de se aprender (por fixação) ao ensinar aquilo que se acaba de aprender. Ao se verbalizar o conteúdo aprendido, tem-se novo contato com ele, que passa a fixar-se na memória e facilita o aprendizado.

"Ensinar a aprender"? Dá na mesma que "aprender a aprender". E "ensinar a ensinar"? Processo complexo. Só pode ensinar que aprendeu. "Mas como aprender sem não há quem ensine?" -- por observação. Os sentidos (dentre eles a Visão) muito têm a contribuir com a aprendizagem. Leitura combina com fartura -- pura lição devida essa. A bagagem não está nos livros que carregamos conosco, mas na experiência composta por leituras, diálogos, produções textuais, ilustrações, planejamentos, falhas, acertos, frustrações (creiam-me: frustrações também participam da construção de experiências; afinal, o "ensino híbrido", compreendido, a título de trocadilho aqui e agora, deve contar com prazeres e dores -- mas por favor, não entendam isso como uma alusão ao S&M, ok? Ainda não dispomos de material adequado para tanto...).

A educação, no Brasil, para pensarmos global e agirmos local, é um sonho antigo. Que causa medo nos "Donos do Poder". Um povo educado está na contramão de um povo submisso, cegamente obediente. Educação supera a mera instrução. Educação é libertação. Independente de esquerdices e direitices acéfalas que, pela insistência na imposição de atrair a atenção popular para o seu lado, impedem o povo de olhar para a frente. Educação é uma ideia antiga. No Brasil tem-se escolas sobrando -- e estão superlotadas. Uma Base Fracional Incomum Curricular e propostas desconexas de ensino-aprendizagem que mais atravancam as ações de professores e, de modo indireto, de estudantes. Todavia... Cumpre tirarmos lição disso tudo. Desses entraves, dessas travas, dessas algemas. Ora, no Brasil, reiteramos, há muitas escolas. O que falta é Educação. Faz tempo. Mas poucos se dão conta disso. E muito menos pessoas parecem se preocupar em mudar esse quadro. Talvez por que esconda algum buraco medonho na parede das ruínas em construção. E justamente porque pode ser um buraco que realmente fizesse as pessoas verem a saída dessa prisão terrível.