O tempo de escola

O tempo de escola passa rápido, aliás, acho que foi engano. O tempo de escola nunca passa. Este tempo permanece até depois de morto, quando se passa desta para melhor, ou para pior, não sei. (Pra mim será pra melhor. Agora você, caro leitor, cuide-se). - Voltemos ao tempo de escola. Então, infindáveis dias. Estiveram, estão e estarão em nossa memória até na eternidade.

Estes dias têm cheiro, têm cor, têm febre, têm dor. Dor de dente - era bem difícil se encontrar com um dentista. Dor de barriga - especialmente em dias de arguição. Dor de cabeça, - sempre tive dor de cabeça. Dor de amor, - sempre a gente gosta de alguém que não gosta da gente; chato isso. Acho que quando se gosta, deveria ativar um sinal de retorno. Está bem, nem tudo é do jeito que a gente quer. Enfim, são muitas dores.

Esses dias de escola têm cheiro. Cheiro do colega que lavou o cabelo com um xampu diferente do da gente; estranho, sempre quero experimentar xampu dos outros. Esses dias têm cheiro de merenda; como é boa a merenda da escola! Seja sopa, farofa, pão com molho... (meu anseio era ter dinheiro para comprar pão com molho, - molho de soja)

Ah! As cores! Não posso me esquecer das cores! Infindáveis desenhos de páscoa, dia das mães, Natal pra gente colorir. Eu não tinha lápis de cor. Sempre amei lápis de cor, guache, tintas... lembro-me que quando ganhei uns lápis para colorir, economizava-os como meu último oxigênio. Colava durex na ponta que havia se quebrado, verdade. Lembro-me como se fosse agora.

Amo os dias de escola. São infindáveis porque ainda não saí da escola. Estou na vida, minha vida é uma escola!

Cátia Moura
Enviado por Cátia Moura em 07/11/2019
Código do texto: T6789523
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