SÓ MAIS UM CALVÁRIO...

SÓ MAIS UM CALVÁRIO...

A Vida de sexagenário no Brasil é um eterno suplício pois -- nesse país de 30 ou 40 mil leis -- ninguém respeita Lei alguma. Na questão do ônibus gratuito, o velho deve apresentar uma carteirinha oficial ao entrar, o que a maioria não faz nem os motoristas exigem. Essa carteirinha cobra título de eleitor e comprovante de votação em dia, coisa que não posso apresentar, já que não voto desde 1989/90. De pouco adianta... os motoristas evitam parar para nós e só o fazem quando outros, no mesmo ponto, dão sinal.

No CRAS perto de casa continuam as filas para cadastro no INSS, desde às 6 da manhã, mas o órgão só abre às 8 horas, numa atividade desnecessária e cruel porque as perguntas poderiam ser respondidas via Internet, conferindo-se a veracidade das informações na futura entrevista presencial. Também se poderia adiantar o período de tal inscrição, considerando a demora (?!) entre 10 e 15 meses -- no meu caso foram 16 -- para a aprovação do benefício. O idoso sai do Banco com uma "bolada" que põe em risco sua vida e atrai a cobiça de vizinhos ordinários.

NADA DISSO se faz... na crônica "O Brasil do século 30" -- confiram no portal RECANTO DAS LETRAS, acessar.. NATO AZEVEDO -- narro o suplício que foi minha inscrição, com a jovem entrevistadora conseguindo anotar errado meu endereço e o CEP, mesmo com xerox ampliada de minha conta de água.

E chegamos finalmente ao dia do primeiro pagamento do tal BPC, mais esperado do que primogênito, anteontem, glorioso 3º dia útil de novembro do ano da graça de 2019, como se dizia antigamente. Passei de ônibus pela frente do Banco ITAÚ aqui do bairro Cidade Nova 4, em Ananindeua. Às 8 horas, sol inclemente, no setor dos caixas eletrônicas externos quase 30 pessoas e, para entrar na parte principal LÁ FORA (o Banco só abre às 10 horas, 11 do horário de verão) mais de 80 abnegados, a maior parte idosos. Passei direto, indo para a Caixa, onde tenho conta "vazia" faz uns 5 ou 6 anos e que fica a uns 5 km de casa.

Todo mundo do lado DE FORA, todos mesmo, só entrando 1 por vez no prédio vazio de 20 x 80 metros, iluminado e com o ar condicionado ligado. É A "NOVIDADE" dos Bancos: a "fila negativa", a "fila reversa", "não-fila" criada para "driblar a Lei" que cobra atendimento ao cliente em menos de 15 minutos, isso num Banco FEDERAL, pago com nosso dinheiro. Numa região em que chove todas as tardes, a "solução" foi pôr os CLIENTES e "beneficiários" (que sustentam a "geringonça") para dentro às 15 horas.

Não pude fugir ao meu "Destino" e caí no manjado "golpe do trenzinho" no ITAÚ, já que as "saidinhas" -- roubo à mão armada na porta dos Bancos -- ficaram muito perigosas... para assaltantes e vítimas. No "aquário", ontem, o sol batendo desde às 6, às 8 horas já estava uns 30 graus, com umas 30 pessoas se acotovelando num exíguo espaço de 4 x 6 metros, com o ar condicionado ainda desligado, mas a porta mantida aberta anularia o benefício. Das 5 ou 5 máquinas-caixa apenas 1 funcionava corretamente. As demais, ou só tiravam saldo ou nem funcionavam. O sol ANULAVA o uso das 2 primeiras, tornando a tela completamente escura, impossibilitando a leitura. O ITAÚ é muito pobre (?!) e não pode pagar um toldo para AMENIZAR o calor infernal lá dentro e permitir o uso das caixas iniciais. Bem à vontade, 3, 4, talvez 5 malandros (2 deles mulheres) "se revezavam" no caixa do meio, que travava quando o cliente comum ía usá-lo e "PAGAVA" o seguinte... só me dei conta do golpe, após ir para o caixa bom, que deu como "ZERADO" meu BPC, o benefício "sumiu" entre os dois caixas eletrônicos que, pra quem não sabe, NÃO PAGA O BPC integral (940,00 hoje) só no máximo 700 reais. A máquina é complicadíssima e antiga ao que parece, TE OBRIGANDO a escolher valores, coisa que idoso nenhuma saberá. Os patifes tentavam fazer desistir de acessá-la quando a pessoa era mais jovem, argumentando que nela só saíam notas de 20 ou que era preciso fazer a operação DUAS VEZES, muito conveniente para êles que, em seguida, nela entravam e sacavam sem problemas.

É de se crer que um deles tinha um controle que acionava e "desligava" o sistema daquela máquina com "chupa-cabra". Por ter esquecido de pegar o comprovante de "saldo zero" nem pude reclamar na Gerência, nem o faria, a fila às 9 horas era de uns 60 clientes e o Banco só abriria às 10 horas. Dessa "experiência" tirei lições: vou tentar transferir o recebimento do BPC para minha conta na CEF -- isso deveria ser AUTOMÁTICO de houvesse ligação entre os 2 Órgãos federais -- e o INSS tem mais um "pepino", que é instalar um caixa-modelo em cada CRAS, onde o idoso poderia treinar como manusear aquele "troço".

Alguém sabe que o tal caixa, ao escolhermos 'VALOR MÁXIMO" para sacar, nos pagará somente 700 reais e que se precisa fazer nova operação, recolocando o cartão, para retirar os 240 restantes ?! Com isso contam os meliantes, vários deles, colocando-se atrás de idosos que êles concluem não saber mexer nos botões e na tela de toque. Estive lá na quarta, dia 6, e as 2 câmeras poderão confirmar TUDO o que narro, bastando rever as gravações entre 8,30 hs e 9,10 hs, para identificar os gatunos. Minha maior decepção fica com o ITAÚ -- de tanta propaganda e que eu admirava -- que trata seus clientes e "beneficiários" como nem cachorro vira-lata merece. Custa tanto deixar um funcionário uniformizado PARA AUXILIAR o idoso inexperiente a receber um valor que irá lhe socorrer em tantas necessidades ?!

CINCINATO P. AZEVEDO (em 7/nov. 2019, 6hs)