Saudade
Agora deitado em minha aconchegante cama e pensando com meus botões, noto que não é a saudade que me bate a porta. Na verdade são saudades que se acumulam em minha mente já bastante desgastada, não só pela idade, mas também pelas mudanças do moderno.
Foi o tempo que a garotada se divertia a valer, num convívio social intensivo. Jogava bola de gude, brincava de pique bandeira e garrafão, pulava carniça, rodava pião. Nossa! Tempo bom aquele. Tudo substituído pelo computador...
Cadeiras na calçada e as famílias da vizinhança reunidas para um bate papo amigável e saudável. Hoje mal conhecemos nosso vizinho do lado.
Quantas foram as vezes que saí do baile de madrugada e andando voltava para casa com toda segurança. Hoje, nem pensar!
No amor, o segredo da conquista e do encantamento já não existem mais. É direto aos finalmente. A sedução espalhou-se deixando todos a sua mercê e sem defesa.
O flerte virou ficar. O namoro é casamento. Tudo agora é muito rápido e superficial!
Tão ligeiro que o amanhã é hoje e quanto ao hoje? Já era... É ontem.
Tudo isso graças a globalização.
O que será dos meus bisnetos com o que lhes sobrar?
12/09/10