Será que a culpa era mesmo do técnico?
O time não ia bem. Eram sete jogos sem vitórias, incluindo pontos perdidos de forma ridícula para times que lutavam para não cair.
Mas naquele dia tinha que ser diferente. O time tinha de reagir e, às vezes, é preciso um oponente mais forte para dar ao desafio um sabor diferente.
Naquele domingo o Corinthians enfrentava o time mais forte do Brasileirão e com a segunda maior torcida do país.
Mas o jogo era no Rio e a torcida do Flamengo compareceu em peso. Gritava e cantava alto em um Maracanã lotado, pois sabia que seu time, naquele dia, era o melhor.
E não teve outra. Vitória do Flamengo, com certa facilidade. Um 4 a 1 até casual para o time que se mostrava como favorito pelo título.
Um placar que derrubou o técnico do Corinthians, apontado por críticos e torcedores como grande responsável pela má-fase do time.
No futebol, como em tudo na vida, perder faz parte. Mas, quando se perde muito, há um culpado: o técnico.
Ainda que mudem os times, países, campeonatos e jogadores a verdade é que o técnico sempre será culpado - ou, pelo menos, mais culpado que os demais.
Não quero isentar os técnicos da sua parcela de culpa. Muitas vezes são eles os algozes da própria ruína. Os motivos, variam. Uma metodologia de trabalho ineficaz, má gestão do ego de seus vestiários ou até a própria arrogância.
Ainda assim, sempre acho um pouco injusta a demissão de um técnico. Ele não entra em campo, mas onze outros atletas sim. Atletas esses que já conheceram outros técnicos, treinaram em outros elencos e, claro, são profissionais.
No dia seguinte à derrota para o Flamengo, Fábio Carille, agora ex-técnico do Corinthians, dava entrevista em meio a lágrimas. Doídas lágrimas de um funcionário demitido depois de dez anos na empresa.
No futebol técnicos caem frequentemente. Nunca vi nenhum outro chorar por isso.
Dois dias depois o Corinthians voltaria a ganhar. Em seus domínios, contra o Fortaleza. Vários jogadores que andavam “sumidos” dentro de campo foram destaque. Apareceram com seus dribles, tabelas, finalizações e gols.
Será que a culpa era mesmo do técnico?