Cronica Morta
Aqui jaz um rico e solitário ser, agora não dança nem ouve suas doces melodias fúnebres, enquanto compartilham de seus bens ele observa de canto de olho as paredes de madeira que o cercam, o perfume que ele não pode sentir, um perfume floral e mórbido, chega a ser desagradável, mas ele não sente, apenas repousa, intacto, logo seu descanso sera o mármore gélido, onde apenas haverá inscrições sem sentido, nada que ele em vida aprovasse, talvez escrevam que ele foi um bom pai, filho e marido, embora fosse solteiro sem filhos, e fugido da casa dos pais aos treze anos, mas a morte nos torna bons homens, no fundo quem sabe alcance o céu escuro e frio da solidão terrena, ou chegue em fim a enorme descoberta de que o céu não existe e ao morrer só o que encontramos é o abismo.