Noções Sobre Civismo

Noções Sobre Civismo

(Hélio da Rosa Machado)

Acabamos, às vezes, no mundo globalizado e na luta diária por espaços nos campos sociais, políticos, religiosos e também no mundo das profissões liberais, esquecendo-nos que nascemos num País e que por essa razão temos de honrar nossos atos como cidadãos, sem olvidar que neste espaço geográfico impera a ordem tutelada por uma norma geral chamada de Constituição da República Federativa.

A nossa Carta Magna ao mesmo tempo em que estabelece direitos também impõe deveres, assegurando aquilo que é inalienável ao homem, demarcando iniciativas e limitando os avanços daqueles que não respeitam o direito alheio, mas, sempre amparando a todos, sem distinção de credo, raça, religião etc.

Hodiernamente, nós brasileiros (depois de muita luta) conseguimos alcançar um regime político democrático, onde os cargos públicos são galgados através de eleições livres e, nem por isso, podemos elogiar o regime, considerando que inexiste a noção de civismo tanto naquele que elege, como naquele que é eleito. Aliás, toda época de eleição o País vive um momento de sonho; os homens públicos reaparecem nos bairros, fazem promessas e se dizem honestos e cheios de boas intenções e, em contrapartida, muitas vezes o eleitor é envolvido e acaba vendendo o seu voto em troca de uma camiseta ou de um bom show de um artista famoso.

Lembro-me que no regime militar, isso na década de 60, quando ainda imperavam as inúmeras censuras, não devemos esquecer de que as escolas ensinavam noções de civismo, pois os estabelecimentos de ensino pautavam pelo ensinamento do Hino Nacional, Hino à Bandeira e outros hinos que representam os símbolos desta Pátria. Quem de nós “Quarentões” não foi agraciado com o hábito diário de reunir-se em fileira nos turnos escolares para iniciar o período cantando o Hino Nacional?

Evidente que essa nostalgia não leva, necessariamente, à idéia de que o regime militar deixou saudade, considerando as barbáries do regime, levando para o exílio pessoas que pretendiam contribuir culturalmente para a Nação, mas isso não impede de reconhecermos que as noções de civismo que tivemos na época foram importantes para nosso apego ao torrão natal. Eu, particularmente, sou capaz de cantar o Hino Nacional graças ao aprendizado que tive naquela época.

Creio que essa lembrança boa deve ser valorada como fonte de inspiração para uma compilação necessária no ensino brasileiro, incrementando-o com matérias de civismo, fazendo incluir nas grades escolares o estudo de nossos brasões e de nossas bandeiras, levando-se em consideração a importância de cada um desses símbolos no contexto histórico do País.

Acredito que quando cada um brasileiro souber o significado de sua origem e com isso tiver responsabilidade para com o futuro, para poder honrar seus antepassados, certamente obteremos melhores resultados no mundo político, pois com civismo e com cultura o povo saberá escolher melhor seus representantes nos cargos públicos, evitando que os oportunistas e aproveitadores ingressem no poder com essa bandeira mascarada, sustentando interesses de oligarquias e ou de grupos poderosos que gastam verdadeiras fortunas para alcançar o poder e os privilégios que ele traz para quem o alcança.

Os brasileiros já sofreram muito. Há décadas a nossa educação está estagnada nos arcabouços da burocracia e principalmente ante os interesses da classe dominadora. Precisamos achar uma fórmula de avivarmos o gigante adormecido. Quando este vulto sagrado emergir com força, impulsionado por nosso desejo de sermos genuínos brasileiros, estaremos alcançando nossa verdadeira liberdade, podendo viver num país mais fraterno de respeito mútuo , com apego às nossas raízes e às nossas tradições. O civismo é um dos caminhos a ser percorrido...

Machadinho
Enviado por Machadinho em 03/10/2007
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