Os adjetivos passam, os substantivos ficam
Machado de Assis um dia escreveu: “Os adjetivos passam, os substantivos ficam”. Quando paramos para pensar sobre essa frase, percebemos a verdade por trás do pensamento do escritor.
De fato, os adjetivos passam. O caro, o barato, o feio ou bonito, o esperto, o pobre ou o rico. Um dia são e no outro podem não mais ser. Talvez porque o bonito pode ficar feio, o barato pode ficar caro e o humilde pode ficar arrogante.
O doente pode ficar recuperado, o forte fica fraco e o raivoso pode virar amoroso.
Sim, Machado de Assis acertou. Os adjetivos em nossa vida passam, chegam a um fim e recomeçam em um novo momento, mas de forma diferente. Passam e a gente talvez não perceba. Quando terminam, um novo adjetivo começa sem dar tempo de a gente respirar e pensar a respeito.
Mas, os substantivos ficam. Eles ficam para sempre. Ficam no coração e ficam na memória. Deixam saudade, deixam rancor, deixam alegria. Substantivos não terminam, não perdem o valor, não mudam. O amigo, o irmão, a mãe, o namorado, o professor, a mulher. Todos serão sempre isso e não há nada no mundo capaz de mudar.
O amigo será sempre amigo, até os últimos dias e depois de sua morte também. Não morrem no coração, porque deixaram marcas para a vida toda. A mãe será sempre a mãe. Pode trocar de adjetivo, mas nunca de essência, será sempre o substantivo mãe: o colo protetor.
Machado de Assis queria dizer com muita simplicidade que a gente precisa contemplar os substantivos. Contemplar o que fica, o que permanece segurando a nossa mão e não a solta nem se sentir medo.
Ele quis dizer que os adjetivos passam, que a aparência muda, mas o valor permanece. O valor de um bom amigo, de uma amada mãe, de uma doce mulher. Os adjetivos passam, acabam e são esquecidos. Os substantivos permanecem, fazem morada e para sempre são lembrados.