A "IA" e o xadrez
Já não é mais apenas na ficção. Muito se tem falado, escrito e discutido sobre a Inteligência Artificial. O script de vários cenários descreve o nosso planeta dominado por máquinas. Qual papel sobrará para os seres humanos neste mundo. Há consenso de que a dominação acontecerá ainda no século em que estamos.
No final de outubro a mídia estampou reportagens sobre o computador quântico desenvolvido pelo Google. Algumas manchetes vieram como “Supremacia Quântica”. A palavra supremacia é perigosa. Em minutos este computador executa cálculos que os computadores mais velozes até então levariam 10 mil anos para calcular.
Sem entrar no mérito do novo mundo que a computação quântica será capaz de criar, ficaremos apenas na nova palavra que entrou em nosso vocabulário. Os bits 0 e 1 agora tornaram-se obsoletos. Com os “Qubits”, temos o que foi chamado de “Superposição”. Pode assumir diversos estados entre o 0 e 1.
Chega de falar no futuro da Inteligência Artificial. Vamos retornar ao seu passado quando no script, na mídia e nos documentários que ainda hoje podem ser assistidos estiveram o jogo de xadrez e Gary Kasparov. Um russo que foi campeão mundial de xadrez em 1985, 1992, 1993 e 2000.
Em 1985, acontecerem os primeiros jogos entre um campeão mundial e o computador. Na ocasião Kasparov venceu 32 máquinas simultaneamente. Desafiado pela IBM que tinha criado o “Deep Blue”, um ano depois Kasparov venceu o match por 4x2. Foi a primeira vez que computador venceu partidas de um campeão humano.
Com o “Deep Blue” aperfeiçoado, no ano seguinte por pequena margem 3,5 a 2,5, a máquina venceria o campeão. O famoso lance 44 do jogo dois fez Kasparov suspeitar que a IBM estava trapaceando. De que houve a intervenção humana. O que pelas regras estava proibido. Não houve trapaça, mas o “Deep Blue” precisou dos humanos para jogar xadrez. Ele foi programado com milhares de jogos de grandes jogadores humanos.
Do “Deep Blue” da IBM para o “AlphaGo” do Google a evolução da Inteligência Artificial foi assustadora. O “AlphaGo” só precisou da ajuda humana com as regras do xadrez. Quatro horas depois tinha aprendido a jogar xadrez sozinho. Isto também é possível para um ser humano? A resposta certamente é sim. Impossível seria vencer ou empatar todas as partidas desde então. O “AlphaGo” nunca foi derrotado, e não apenas no xadrez. Em outros dois jogos de tabuleiro, no “Go” e no “Shogi” também.
A evolução do “AlphaGo” foi além. No match contra o programa de xadrez “Stockfish”, o “AlphaGo” precisou consultar apenas 80 mil posições por segundo para vencer. O adversário foi derrotado consultando 70 milhões de possibilidades. No xadrez já somos obsoletos e descartáveis.