O PADRE E O FOTÓGRAFO

O tempo passa, mas não consigo me esquecer de uma cena ridícula e desagradável que aconteceu no momento do batizado de minha filha. Tal fato ocorreu há 31 anos, porém está vivo na minha memória, principalmente, sempre que adentro numa igreja católica e tiver acontecendo a celebração do sacramento do batismo.

Pois foi num dia assim, tão especial e específico para a minha família, que estava começando a se formar. No afã de registrar a cena do batismo da minha filha para a posteridade jamais poderia imaginar que fosse acontecer aquele imprevisto tão constrangedor. A princípio, se aquele padre tivesse tido o bom senso de, antes de começar aquela cerimônia, avisar aos presentes que não era admissível bater foto no interior daquela igreja, principalmente, na hora em que tivesse administrando aquele sacramento, tudo bem, se eu o desobedecesse, não teria motivo para depois ficar chateado com o fato de ele interromper aquela cerimônia e se dirigir até a mim e tomar a minha máquina fotográfica, depositando-a sobre o altar e ainda soltar esta descompostura inesperada: “Não poder bater foto em hora de batismo!”. Pelo o sotaque carregado e típico de alemão, até que resolvi perdoar aquela pessoa ornamentado de padre, autodenominando-se homem de Deus. Mesmo nos meus tempos de seminarista, por mais de oito anos, jamais eu tinha visto alguma coisa parecida no interior de alguma igreja. Voltando ao o ocorrido. Quando terminou aquela cerimônia do batismo da minha filha ele ainda teve o desplante de dizer: “Agorra poder fotogafar a vontade!”. Só fui ao altar e peguei a minha máquina, virei as costas e saí daquela igreja bem furibundo, mas sem ódio, pedindo a Deus que o perdoasse. Durante o churrasco em minha casa, tentei esquecer aquele incidente, mas foi difícil, como até agora, 31 anos depois.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 03/11/2019
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