Rascunhos mal-acabados.

Quando era jovem tinha raiva, sentia raiva da minha mãe que nunca me deu uma palavra de apoio, sentia ódio do meu pai que não fazia o mínimo esforço para ir ver eu jogar algum campeonato de futsal em algum lugar. Nunca fui corajoso para libertar esse sentimento de raiva e mantendo-o na coleira eu seguia preso também.

Eu não me tornei um jogador de futebol, eu não me tornei um homem otimista. Chego aos meus vinte e seis anos, ainda acorrentado, preso a todo sentimento de raiva acumulado em meu peito. Meus pais não estão mais aqui, eles morreram dois anos atrás em um acidente de carro, colisão frontal com um ônibus, que coisa. Faz dois anos que todo dia de finado venho aqui, a primeira vez gritei com o mármore gelado do túmulo, não ajudou. Hoje trago flores, hoje entendo, não somos perfeitos, não somos fina arte, somos rascunhos mal-acabados.

Devon Magnus
Enviado por Devon Magnus em 02/11/2019
Reeditado em 02/11/2019
Código do texto: T6785573
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