FINADOS

(Homenagem aos que nos precederam.)

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Dia de Finados é data propícia à meditação sobre a vida, mais que sobre a morte. Da vida que, inevitavelmente, culmina com a morte. Lidamos, na verdade, com duas entidades insondáveis e indissociáveis: o milagre da vida e o mistério da morte. Embora devamos fazer tudo e de tudo, dentro do razoável, em prol da saúde, certamente nossa hora vai chegar. E ninguém melhor do que o Eclesiastes, filho de Davi, para, com suas palavras, nos guiar nessa reflexão compartilhada, nesse cair na real, a refletir no que se passa ao redor, sem estresse nem depressão. Permitindo-nos adaptar o texto sagrado ao propósito de mesclá-lo com palavras de hoje.

Uma geração passa; outra lhe sucede. Como em qualquer família. Isso é inegável. Pois a vida continua. A fila tem que andar. O show da vida não pode parar. E é, sem dúvida, fantástico, fantástico, esse show. O mais fantástico de todos os shows. O arremate do show do viver terrestre. O Sol nasce; o Sol se põe. Renasce, todo dia, do mesmo oriente. Atinge o apogeu ao meio-dia. Depois, declina para o ocidente de toda tarde. O vento se espalha ao redor, e cessa. Na natureza há sempre espaço aberto para o vento refazer seus caprichos e seus redemoinhos. O vento é que sabe mesmo rodar a baiana.

Todos os rios procuram o mar. O mar nem por isso transborda nem se revolta pelo fato de os rios estarem acima dele, digo, de sua superfície. Os rios como que voltam à nascente donde partiram e suas águas voltam a rolar. E a fonte renasce, sempre a cantar, chuá, chuá, e as “água” a correr, chuê, chuê. Não há nada de novo debaixo do Sol, mas os olhos não se cansam de ver nem os ouvidos de ouvir. Há sempre lugares no mundo a visitar, músicas a ouvir, paisagens a contemplar, coisas a aprender, boas obras a praticar, orações a fazer, talentos a multiplicar, livros a ler...

O milagre da vida é um caleidoscópio num produzir infinito de combinações de imagens e de cores, numa sucessão ininterrupta de impressões e sensações, de sonhos e realizações. Tudo depende do olhar. Tudo depende da sensibilidade. Mais que da razão. Ou melhor, com as razões da razão e as razões do coração que a própria razão desconhece.

Andá com fé, então, eu vou, que a fé não costuma faiá, ensina a canção.

A fé tá na manhã, a fé tá no anoitecer. A fé tá viva e sã. Oh! Oh! Olálá! Olêlê! Ah! A fé também tá pra morrer. Pelo sim, pelo não... Então vamos lá...

É mais um dia de viver.

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 01/11/2019
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