Parei de contar quantas palavras de luta eu tenho evitado

Falta de inspiração dói.

Assim como dói uma saudade, uma cólica e um país em colapso. Ou talvez eu use isso para fazer a mea-culpa e justificar minhas expressões. De qualquer espécie. Talvez eu use isso para proferir mais um não. Talvez não. Não importa. Fato é, e isso assumo com toda a maturidade que eu possa ter sobre assuntos que permeiam meu lado emocional, que certas ausências me incomodam. E entenda aqui por ausência, pessoas que também sentem saudade, cidadãos que sentem o peso da falta de decoro e vírgula.

Todas capazes de exigir mais ar dos meus pulmões. Ah se eu tivesse coragem de expor tudo que anda morando nesse peito, ah se essas coisas todas não fossem tão distantes e a respiração marcada fosse apenas de prazer. Ah se demonstrar fosse possível todos os dias.

Parei de contar quantas palavras de luta eu tenho evitado, e quantas de afeto tenho engolido. Quem dera toda essa cólera fosse essas letras, virando borboletas no meu estômago.

Amo quem sabe devolver amor, livros e guarda-chuvas. Ausência dói.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 31/10/2019
Reeditado em 31/10/2019
Código do texto: T6784059
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