O Senhor e o Jovem Rapaz

Em um banco de uma praça vazia, debaixo de um pé de castanholas, eles se sentam, sem perceber, ao mesmo tempo. Ali sentados estão dois rostos tristes, dois corações para baixo. Demora um pouco para que percebam que não estão a sós, e seguido de um rápido susto, eles se dão conta da presença um do outro. Não sabemos o porquê, quem ou o que fez isso, mas algo os levara para aquele banco de uma praça vazia, debaixo de um pé de castanholas.

Com a experiência de seus 73 anos, ele deixa de lado, por um momento, a sua dor e de forma humilde pergunta para aquele jovem adolescente qual o motivo de sua tristeza.

- Foram os meus pais, diz de forma rápida e, até mesmo soando um pouco mal-educado, o jovem rapaz.

- O que lhe fizeram? Pergunta o senhor.

- Não me deixam resolver nada. Tenho idade suficiente para resolver os problemas, mas eles vivem a dizer que sou novo demais e aquilo é problema de adulto - Desabafa.

Caem uma lágrima em cada um dos quatro olhos.

- Não quero ver as coisas do jeito que estão, quero fazer algo para muda-las. Sei que sou jovem, mas tenho capacidade e maturidade para resolver meus problemas - Mais uma vez desabafa o jovem rapaz.

O senhor que escutava aquele desabafo de forma atenciosa, enxuga os seus olhos e pede a atenção do garoto.

- Olhe, meu jovem rapaz, tenha paciência para não dar com os burros n'água. Hoje vim caminhar nesta praça vazia, me sentar neste banco debaixo de um pé de castanholas, pois passo pelo mesmo problema que você.

O garoto faz um olhar de espanto e antes que ele faça sua pergunta, o senhor continua:

- Tenho 73 anos, não tenho mais meus pais, mas tenho 3 lindos filhos. Cheguei a uma idade, que para vocês jovens, ultrapassa a validade, meus filhos que resolvem tudo. Agora não tenho condições e nem maturidade para resolver meus próprios problemas.

Caem mais uma lágrima de cada um dos quatro olhos, assim o pé de castanholas vai sendo regado para fazer sombra a um velho banco de uma praça vazia.