Passarinhos
Dos lugares onde às vezes ouço o que não queria ouvir, onde digo o que não gostaria de dizer, e olho em volta, no marasmo, não vejo nada que me dê felicidade, e na insatisfação, saio antes que me percebam, e em meus pensamentos, um só martelando; Voltar para a minha casa.
Pelos caminhos de sempre, vou prestando atenção nas coisas que me dão prazer, paro num parque, ou numa praça, por aí à fora, gosto de sentir a rara frieza de um dia sem sol como se fosse no mês de agosto. Sempre fico bem ao me sentar num canto, para fechar os meus olhos, respirar fundo, depois olhar as folhas sendo arrastadas pelos ventos, ouvir o canto deles que adoro; Os que eu chamo de meus passarinhos, eles que tanto me acalmam, e que me levam à pensar coisas boas, o meu olhar segue os seus movimentos, esqueço das horas.
Nessa mansidão eu chego em casa, vou abrindo as portas, amo esse momento em que fico sozinha, assim como amo o vento frio que entra pelas janelas e tão suavemente parece querer me dizer algo que nunca ouvi, mas, não. Nessas horas no meu aconchego, eu não quero sentir saudade, não quero tristeza. Apenas escuto uma voz que me diz que vem e não quer ficar, mas, que quer me acalmar, apenas acalmar o meu coração.
Ah se eu pudesse num cantinho da casa, oh vento frio, lhe guardar, para nos meus dias quentes, me resfriar. Depois de todo devaneio e alívio, no silencioso descanso, é quando a minha alma inquieta, se põe à viajar, e feito abelha ou borboleta, voo para as flores, esqueço das durezas da vida e dos falsos amores.