Noite de 75
Alguém um dia entenderá esse costume do poeta, de ficar lá fora, noites de primavera, ao observar estrelas sob os sons da noite.
Uma espécie de ermitão moderno, sem seus trapos de pele, veste o canto dos grilos e reclamar dos sapos. Da mãe que o criou, aprendeu a identificar o cruzeiro do sul e as três marias, e a prosa da saparia ainda pelos 75. Tradutora que ele suspeitava que era então, desvendou-lhe a prosa daqueles tagarelas:
-Foi gol! - Não foi
-Foi gol! Não foi!
E justo nesse exato momento exerce a cisma de pensar em quem ensinou tudo isso a ela.De quantas gerações possuíam esse amontoado de crenças bem cabíveis De qualquer forma ela nunca lhe disse de como isso lhe seria útil. Como esse simples olhar para os céus a noite, localizando signos escutando grilos e anfibios lavariam a sua melancólica saudade de 75.
E de como, o simples arrepiar da pele e farfalhar das folhas da palmeira que, caprichosamente plantou com as próprias mãos em seu quintal, lhe lembrariam a hora de recolher-se antes dos olhos e garganta embaçados pela saudade sem par de uma noite estrelada de 75.