BEETHOVEN

4ª DELEGACIA DE POLÍCIA DA CAPITAL

TERMO DE ABERTURA DE INQUÉRITO

• Em vinte e cinco de maio de dois mil e doze, por ordem do Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia plantonista da 4ª Delegacia de Polícia da Comarca de São Paulo, instaura-se o presente persecutório criminal com a finalidade de apurar a materialidade e autoria dos delitos insculpidos nos artigos 12, 13, c.c. 14, inc. II, todos do CPA-Código Penal Animal-, eis que chegou ao conhecimento da digna Autoridade Policial os seguintes fatos: estando presente no Distrito Policial a Sra. Fulana de Tal, professora aposentada, solteira, residente e domiciliada na rua tal,- centro -, informa que, por volta de 16 h da supra citada data, uma sexta-feira,na rua Marquês de Paranaguá, Consolação, nesta capital,mais especificamente em frente a esta Delegacia de Polícia, teria havido, em tese, uma tentativa de morte, cuja vítima responde pelo nome de Dogão, da raça Dogman, crime esse que não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente, que se evadiu do local.

Desse modo, no sítio dos fatos, duas cadelinhas estrangeiras

estariam fazendo seus passeios e necessidades,

quando surgiu o cão preto que ficou

M. A. Silvente Pessoa

próximo às cachorrinhas assediando-às com gracejos,

cheiradas e tentativas de conjunção.

• Segundo declarações prestadas, foi nesse momento que

chegou Dogão, ainda preso pela coleira. Não obstante

as cadelinhas estarem ali sendo cortejadas pelo agressor,

não obstante a tarde calma e ensolarada do mês

de maio, Dogão foi solto próximo aos três enamorados,

momento em que houve a tentativa, isto é, vendo

que Dogão se aproximava, o ofensor partiu para cima

da vítima e entraram em luta corporal, quando o agressor

tentou rasgar a garganta de Dogão, segundo informa:

“Houve um momento em que o cão vadio agarrou

a jugular de Dogão e não soltava mais, quase o matou.

Quando então foi puxado por alguém e ambos correram

em direção à Praça Roosevelt”.

• De acordo ainda com a declarante, o cão agressor é

conhecido na Praça por Beethoven e já foi visto, por

diversas vezes, correndo atrás de motos, carros e outros

animais, além de estar sempre envolvido em brigas, namoros

e boemias.

• Assim, para apurar os fatos supracitados, instaura-se o

presente procedimento administrativo penal e por ordem do

Ilustríssimo Doutor Delegado de Polícia deverão ser efetuadas as seguintes diligências:

• 1) Exame de Corpo Delito na vítima Dogão, devendo

o Sr. perito responder aos seguintes quesitos: a) Pelo

Baixo Augusta, Praça Plínio Marcos, Jogos de Tênis e outras Crônicas

exame, pode o Sr. expert informar se existe, qual o grau

e estado da lesão; b) se positiva, a lesão poderia ter causado

óbito da vítima; c) se não houvesse interrupção por circunstâncias alheias à vontade do agente o evento teria se consumado;

• 2) Outrossim, por OS, encarregar a Equipe Celeste

afim de encetar diligências na tentativa de localização

dos increpados e condução dos mesmos à DEPOL para

esclarecimentos,(informar que Beethoven é visto quase

todas as noite em frente ao Espaço dos Satyros II, na

Praça Franklin D. Roosevelt)

• 3) Na mesma diligência, encarregar também pela mesma

Ordem à Celeste que proceda investigações no Elevado Costa e Silva, vulgo Minhocão.

Segundo informações, um grupo de skatistas que lá

manobra após às 22h, quando o Elevado permanece

fechado, teria presenciado e mesmo impedido uma tentativa

de suicídio de um homem abandonado pela família

e testemunhado outra que se consumou referente a

um homem possivelmente embriagado.

Eu, Carlos Kara, Escrivão de Polícia, digitei o presente termo de abertura de IPL e assino. Cumpra-se. AP