O LEVANTE DOS MACHÕES

Antes de iniciarmos o protesto a seguir, queremos expressar aqui nosso repúdio àqueles que vergonhosamente agridem suas companheiras. Para esses casos, a lei deve ser severa e jamais podemos admitir impunidade.

Feito o devido registro, passemos a analisar o reverso da moeda: tem muito homem apanhando de mulher. E, apanhando feio. De chinelo, de tamanco, de sapato de salto. Sem falar daqueles que costumeiramente levam bordoadas até de cabo de vassoura. Umas mais atrevidas jogam, na cara do parceiro, celular, vidro de perfume, brinco, anel, chave do carro, enfim, o que tiver nas mãos.

O fato é que elas, com competência e numa revolução algazarrenta, lutaram pelos seus direitos e hoje são as donas do mundo. Juízas e promotoras se comportam com desenvoltura na aplicação dos preceitos legais. Executivas assumiram postos de chefias e inúmeras profissionais liberais alcançaram o sucesso com brilhantismo. Outras ingressaram na vida pública e tornaram-se vereadoras, deputadas ou senadoras. Apareceu uma prá lá de ousada que conquistou o mais elevado cargo do país: o de “presidenta”.

É verdade que, na política, nem todas se saíram assim tão bem. A primeira mandatária quis estocar o vento e uma governadora revelou-se pedófila ao se casar com “Garotinho”. Porém, não se iludam, apesar desses percalços, elas se superaram e não foi por acaso.

Enquanto isso, nós, destemidos valentões, simplesmente regredimos. Há algum tempo, estamos lavando louça, escovando assoalho, dando mamadeira e trocando fraldas de recém-nascido. O que diriam nossos falecidos avós se nos vissem nesta situação. Aqueles, reverenciados e chamados de “Senhor”, que, ao voltarem suados do trabalho, sentavam-se no sofá da sala para que a esposa, de joelhos, tirasse suas botas enlameadas. Claro que tal costume é uma vergonha do passado e nem queremos tamanha baixaria.

Entretanto, para nossa infelicidade, nos deparamos com um quadro deplorável. O panorama está tão complicado que tem amigo meu fazendo xixi sentado com medo de mijar na tampa do vaso. Chegar tarde em casa, bêbado e fumando, ficou fora de moda. Deus me livre se aparecer com a gola da camisa cheirando um perfume estranho. Batom na cueca, então, nem pensar.

Ultimamente, estou chamando minha mulher de Amanda. Não apenas por ser um nome gracioso, mas porque elA MANDA eu lavar roupa, elA MANDA eu varrer a casa... elA MANDA o dia inteiro. E eu sou o agente. Especialmente, quando ela diz: A_GENTE tem que cortar grama, A_GENTE tem que limpar o canil. Já sei: o AGENTE sou eu.

Basta! Não podemos nos submeter à humilhante sujeição. Atualmente, nos envergonhamos até de colocar “X” no quadrinho masculino ao preencher um cadastro. Ninguém sabe qual o dia internacional do homem. Alguns dizem que é primeiro de novembro, data comemorativa de Todos os Santos, pois somente um santo consegue suportar tamanho vexame.

Finalmente, concluímos com lástima que: ser gay é bonito; ser mulher é charmoso; ser homem é vergonhoso.

Companheiros, vamos aprender com elas. Urge lutarmos pelos nossos direitos. É imprescindível que espalhemos Delegacia do Homem por todo território nacional. E, devemos exigir delegado do sexo masculino para não passarmos pelo constrangimento de contarmos a uma delegada linda, exuberante, maquiada, de unhas e cabelos pintados, peituda e bunduda, daquelas bombadas em academia, que estamos apanhando da patroa. Afinal, se elas criaram a lei “Maria da Penha”, nós podemos criar a lei “Mário do Penhasco”.

Portanto, marmanjos desse Brasil varonil, rebelem-se. Rompam o jugo a que foram submetidos. Está na hora de reagirmos. Chega de andarmos de cabeça baixa. Envergonhados, desorganizados e sem voz de comando cada vez mais perderemos espaços. Acordem, gurizada. Convoco a todos para que, unidos, iniciemos a campanha:

“O Levante dos Machões”.