Reflexões cíclicas

Terça-feira, 22 de outubro de 2019

É noite e tenho necessidade de por pra fora algumas sensações indesejáveis. Coisas me aborrecem, dentro minha casa, e por mais que tudo que se passa comigo esteja sob minha responsabilidade, por vezes penso que fatores externos a mim estão frequentemente "pesando" contra meu centro de equilíbrio. Acontecimentos rotineiros, que se repetem num círculo pernicioso e desprezível. Um somatório de pequenos estímulos à raiva, cada qual facilmente contornável, se considerado por si só. Mas que torna-se uma tremenda onda de sensações raivosas, rancorosas, quando em conjunto. Um acúmulo de pequenos testes. Chega o momento que o copo transborda, e por coisas aparentemente banais. A gota dágua.

Nesse estado de turbação exacerbada, fecho-me perante o mundo e questiono a mim mesmo. Pensamentos vêm e vão, e muitas vezes retornam, reforçando uma vontade angustiante de "não estar", um anseio recorrente de ser transportado para a dimensão do sonho, do não sofrer, do não se preocupar, do não se abater. Do ser a melhor versão de si mesmo. Mas grandes mudanças requerem grandes rupturas, e tudo tem seu momento apropriado. Momento de plantar, momento de colher. Momento de construir. Caminho a passos cautelosos e planejados, mas ao mesmo tempo espero e suplico uma luz no fim do túnel, uma oportunidade de romper permanentemente velhos estilos de vida. Só me preoupa o medo de sentir falta do que tenho hoje. De não estar dando o valor justo ao que recebo aqui agora. De sofrer pela morte de quem sou hoje, e de renascer um novo homem amanhã.

Desafios vieram e eu os venci. Não importa quem viu, não importa quem aplaudiu, não importa quem achou bom ou bonito. O que importa é que venci a mim mesmo. O que importa é que cumpri com o objetivo ao qual me propus. Nada mais importa. Não vivo em função de atender à expectativas externas, ainda que das pessoas umbilicalmente ligadas à mim. Meu caminho só eu posso fazer, por mais dolorido que seja. E a dor por vezes se faz necessária, para cumprir seu papel de rompimento de limites e expansão.

Que eu possa praticar o desapego em cada pensamento, gesto e atitude. Sei que o essencial fica registrado no ar e gravado na memória. E é só ele que importa. Todo o resto passa. E que as velhas estruturas deem lugar à floresta que quer brotar, crescer, expandir e prosperar.

Que venha o tempo de flores. Pois o Senhor é meu Pastor e não me faltará.

Leiano Luz

Leiano Luz
Enviado por Leiano Luz em 22/10/2019
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