Bando ou Sozinho?

Sempre que fazemos um estudo sobre o comportamento animal, encontramos pelo menos duas situações bem distintas: o bando e o solitário.

No bando vamos identificar sempre um animal que se destaca como líder por quesitos diversos, quase sempre pela força bruta, e os demais o seguem sem objeções. Essa característica parece fortalecer o grupo, mas na verdade o mais fortalecido é o líder. A impressão que se tem é que o grupo é compacto e demolidor e quem se postar contra será destruído.

Por outro lado, temos o solitário, que vagueia sem companhia e ao se observá-lo tem se a impressão de que poderá ser destruído na primeira curva do caminho. É raro encontrar na natureza essa condição em animais que são predominantemente tidos como sociais. O solitário se dá principalmente pela exclusão do grupo por seu antagonismo em qualquer aspecto que o diferencie do status quo e comprometa a liderança do grupo.

Numa avaliação mais superficial, podemos entender que a situação de bando é fundamental para a sobrevivência da espécie, pois isso fortalece o grupo e aumenta sua chance de sobrevida em situações de dificuldade. Enquanto isso, o solitário seria uma presa fácil em situações de dificuldade.

Numa avaliação mais acurada podemos até entender que o que fortalece o bando pode enfraquecê-lo igualmente, na medida em que não se questiona as decisões não se tenta novas soluções para os mesmos problemas e o bando continuará fazendo por milênios sempre do mesmo jeito, com pouquíssimas alterações em seus scripts. Terá ocasiões em que as mesmas soluções podem não ser as melhores.

Interessante pensar que o solitário que, em princípio, parece ser o rejeitado, pode ser a opção para o crescimento do grupo, pois suas objeções e novas propostas podem fazer com que se consigam soluções para situações que até então parecem ser definitivamente entraves ao avanço.

Então se apresenta, de novo, duas situações: como usar o solitário para o bem do grupo e como, sendo solitário, contribuir para o grupo. Para ambas as situações a capacidade de ouvir e de conviver com antagonismos gerando confluência de posições pode ser facilitadora no processo e transformar uma rejeição em trunfo para novas vitórias. Isso não se dá sem respeito e crescimento das partes.

João Carlos da Silva
Enviado por João Carlos da Silva em 22/10/2019
Reeditado em 29/10/2019
Código do texto: T6776435
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