Morada

Era no fim da primavera que ela geralmente vinha. Chegava acanhada, como quem pede desculpas apenas como olhar. Essa era uma primavera quente. Sua chegada era sim esperada e eu, com cânticos e poemas embaixo do braço, sorria, qual criança boba ao novo brinquedo.

Queria mesmo era poetizar, prosear e contar a ela quantas vezes ela me estendeu a mão e não me deixou cair. Houveram dias de chuva. Ela não estava lá para aparar a chuva dos meus olhos. Mas teve aqueles dias em que gritei de tanto entusiasmo e felicidade, por ela estar perto de mim.

Queria te dizer quantas foram as vezes que te vi partir e quantas mais foram as suas chegadas. Dias em que o mundo pesava sobre mim. Levava uma parte minha e você, claro, era a parte da saudade. Nunca coube necessidade de te escrever, muito menos esperar resposta tua.

Mas nunca houve um só momento em que em desistisse de ti. Mas houve canções choradas, com choro doído, que foram para aplacar a dor de não ter você por aqui.

Os anos passaram, cresci. Amadureci. Experimentei. Sofri. Muito. Vivi. Hoje você faz parte de mim e não vai embora. Na verdade, no fim da primavera, apenas vem, para me lembrar de que sempre está aqui.

Eu amo, e amo o que faço. Faço, mesmo nos dias difíceis e oro, todo dia, dia após dia para que sempre esteja aqui.

Já teve muitos nomes para mim e tua face, ah! Sempre foi diferente. Foi meu sonho, minha religião. Hoje é nada mais que meu norte, meu guia e orientação. Teu nome? Esperança! Aquela que fez enfim morada no meu coração!

Dom Torres
Enviado por Dom Torres em 21/10/2019
Código do texto: T6775233
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.